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"Sensação de bombardeio" em uma Notre-Dame devastada

16/04/2019 06h43

Paris, 16 Abr 2019 (AFP) - Quando Philippe Marsset, vigário geral da arquidiocese de Paris, entrou em Notre-Dame após o incêndio teve a "sensação de um bombardeio". Ele observou os vitrais quebrados e um buraco acima do coro, provocado pela queda do pináculo (a flecha), e símbolo da catedral.

"Há 850 anos esta igreja foi construída, resistiu às guerras, aos bombardeios, a tudo", afirmou o religioso, ordenado padre nesta catedral há 31 anos.

Ao entrar no local durante a noite, com o incêndio apenas sob controle e focos de chamas ainda ardendo, "tive a sensação de estar diante de um bombardeio", repete.

"Tudo estava escuro e ao fundo estava a grande cruz amarela iluminada pelas chamas. Era impressionante!", descreve o vigário.

"À direita da cruz há uma estátua de Maria. Está de pé, está a cruz e Nossa Senhora, ali, no coração de Notre-Dame", conta.

E no meio de tudo isto, um "robô lançava água". E havia "faíscas provocadas pelo chumbo derretido caindo do teto".

"Durante toda a noite eu vi homens passando com lágrimas nos olhos. Pensei nesta imagem: é um caos, mas não pode nos levar ao nocaute".

Mas a primeira palavra que vem a sua cabeça quando recorda do momento do incêndio é "inferno". O fogo começou pouco depois do final da missa.

"Não é Notre-Dame dos católicos, é Notre-Dame da França, é Notre-Dame do mundo: a igreja queima e o mundo inteiro começa a chorar".

- "Os bombeiros, heróis" -Para o vigário geral esta "não é uma pequena igreja danificada, é o símbolo da história da França e de Paris".

"Esta igreja é tão simbólica, os quilômetros são contados a partir de Notre-Dame, é o umbigo de Paris".

"Todos estamos estupefatos, foi mais que milagroso, uma intervenção divina", completou, antes de chamar os bombeiros de "heróis".

Por ocasião da Semana Santa, na qual os cristãos celebram a ressurreição de Jesus Cristo, "havia missas programadas para quarta-feira, quinta-feira e sexta-feira", recorda.

"Ainda não sabemos onde vamos realizá-las. É como se tivessem provocado danos a nossa mãe".

Um pouco desorientado, o religioso aponta para a catedral: "Minha cama está lá. Esta manhã, estou na cabeceira de Nossa Senhora, que chora".

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