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Putin facilita nacionalidade russa a separatistas ucranianos

24/04/2019 14h52

Moscou, 24 Abr 2019 (AFP) - Os habitantes das regiões separatistas do leste da Ucrânia poderão obter a nacionalidade russa com mais facilidade, graças a um decreto do presidente russo, Vladimir Putin, emitido nesta na quarta-feira, dias após a eleição do novo presidente ucraniano, Volodimir Zelenski.

De acordo com o decreto publicado no site do Kremlin, um procedimento simplificado permitirá obter um passaporte russo para os habitantes das regiões ucranianas de Donetsk e Lugansk, onde uma guerra entre separatistas pró-russos e forças ucranianas causou 13.000 mortes em cinco anos.

Mas o decreto se aplica apenas a "certas partes" dessas regiões, e não há maiores detalhes.

No entanto, não há dúvida, segundo os observadores, que a medida beneficia as pessoas que vivem nas autoproclamadas repúblicas de Donetsk (DNR) e Lugansk (LNR), que estão além do controle da Ucrânia.

Putin assinou este decreto poucos dias depois da eleição na Ucrânia do novo presidente Volodimir Zelenski, que prometeu "reativar" o processo de paz no leste do país.

Zelenski pediu nesta quarta-feira aos países ocidentais que reforcem as sanções a Moscou, em função da decisão de amenizar as exigências para obter a nacionalidade russa aos moradores das regiões separatistas da Ucrânia.

A Ucrânia conta com "o fortalecimento da pressão diplomática e das sanções à Rússia", disse a equipe de Zelenski em comunicado, que venceu as eleições no domingo.

"A Federação Russa reconheceu sua responsabilidade como Estado ocupante", acrescentou, referindo-se ao decreto do presidente russo, Vladimir Putin, assinado hoje.

O atual presidente da Ucrânia, Petro Poroshenko, já em fim de mandato, também criticou a decisão, chamando-a de "interferência sem precedentes da Rússia nos assuntos internos de um Estado independente".

"Esta é uma tentativa de justificar e legitimar a presença militar da Rússia na parte ocupada do Donbass ucraniano", disse Poroshenko em um vídeo, referindo-se a áreas separatistas apoiadas pelo Kremlin.

O conflito entre o governo ucraniano e os rebeldes separatistas começou depois que Moscou anexou a península da Crimeia em Kiev em 2014.

A guerra custou cerca de 13.000 vidas. Kiev e seus partidários ocidentais acusam a Rússia de canalizar tropas e armas através da fronteira para alimentar o conflito, acusações que Moscou nega.

oc/har/al/mb