Turquia pede extradição de empresário turco-brasileiro
São Paulo, 26 Abr 2019 (AFP) - A Turquia pediu ao Brasil a extradição do empresário turco com nacionalidade brasileira Ali Sipahi, alegando que ele integra uma "organização terrorista", confirmaram nesta quinta-feira seu advogado e a Justiça.
Ali Sipahi, proprietário de um restaurante em São Paulo, foi preso preventivamente no dia 5 de abril, ao chegar ao Brasil.
Segundo nota do Supremo Tribunal Federal, o ministro Edson Fachin determinou, nos autos da Extradição 1578, o interrogatório do cidadão turco Ali Sipahi, preso no último dia 5 em São Paulo. Ele é acusado de integrar uma organização terrorista que, em 2016, tentou um golpe armado contra o presidente da Turquia (Recep Tayyip Erdogan). Sua prisão foi decretada pelo relator em 19 de março deste ano.
O advogado Theo Dias, que defende o empresário, disse à AFP que trata-se de "um caso de evidente abuso de parte de governo turco", e que pedirá a revisão "do pedido de prisão preventiva para que Sipahi possa aguardar o julgamento da extradição em liberdade".
"A acusação é claramente parte da campana internacional de perseguição política que o presidente Erdogan desencadeou contra simpatizantes do movimento Hizmet e seu líder (Fethullah) Gulen". Sipahi "é uma pessoa que vive no Brasil há 12 anos, é um cidadão naturalizado brasileiro, tem negócios no Brasil, é empresário, tem filho que nasceu no Brasil. Casado com pessoa que vive no brasil, não há risco de fuga".
A prisão de Sipahi, 31 anos, causou preocupação entre outros membros da comunidade turca no Brasil, que temem ser alvo de medidas similares a pedido do governo em Ancara.
Em São Paulo, Sipahi realizava atividades no Centro Cultural Brasil-Turquia (CCBT) e na Câmara de Comércio Turquia-Brasil, duas instituições ligadas ao Hizmet.
O empresário também tem conta no Banco Asya, vinculado à mesma organização, o que segundo Dias fundamentou o pedido de extradição formulado pelas autoridades turcas.
Mustafa Goktepe, presidente do CCBT e sócio de Sipahi, declarou à AFP que "todos têm conta no Banco Asya, cerca de seis milhões de pessoas". "Esta acusação é absurda".
Gülen, exilado nos Estados Unidos há vinte anos, é considerado por Ancara o cérebro da tentativa de golpe de 15 de julho de 2016.
mel-amj/pr/lr
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