Protestos na Argélia chegam à 10ª sexta-feira seguida
Argel, 26 Abr 2019 (AFP) - O movimento de protestos na Argélia porá sua capacidade de mobilização à prova, hoje (26), em sua 10ª sexta-feira consecutiva de manifestações por todo país, tendo como pano de fundo a destruição de símbolos do derrocado regime de Abdelaziz Bouteflika por suspeita de corrupção.
"Nada de meias revoluções", intitulou na primeira página da edição de fim de semana o jornal "Watan", convocando a população a continuar protestando até o fim total "do sistema". Nas redes sociais, espalham-se convocações similares.
"Queremos que este sistema acabe e que todos os ladrões sejam julgados", declarou Zohra, um professor de 55 anos, que saiu de Jijel, a 350 quilômetros, com seu filho Mohamed, de 25, para participar das manifestações.
Os dois se misturam com as centenas de manifestantes reunidos esta manhã na "Grande Poste", o emblemático prédio dos Correios do centro de Argel, transformado no epicentro do protesto.
"Vocês roubaram o país, seus ladrões!", é uma das frases ouvidas na multidão.
Os acontecimentos desta semana devem motivar os manifestantes. Houve novas destituições, intimações à Justiça e novas investigações dos caciques do governo, além da detenção de ricos empresários.
O poder não cede, porém, no essencial: Abdelkader Bensalah, um homem do aparato que acompanhou Abdelaziz Bouteflika durante 20 anos no poder e até sua saída em 2 de abril, continua sendo chefe de Estado interino. E Nuredin Bedui, outro membro do regime, mantém-se como primeiro-ministro do "governo da vergonha". É assim que os manifestantes se referem a ele.
A multidão rejeita, sobretudo, que as estruturas e figuras da máquina herdada de Bouteflika organizem as eleições presidenciais marcadas para 4 de julho e reivindicam uma transição dirigida por novos nomes.
"Como mafiosos e vigaristas vão organizar eleições honestas?", pergunta Mohamed, um garçom de 23 anos.
bur-ayv/amb/tp/al/ra/tt
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