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Índia inicia apuração da maior eleição do planeta

23/05/2019 01h06

Nova Délhi, 23 Mai 2019 (AFP) - Funcionários em toda a Índia iniciaram nesta quinta-feira a gigantesca tarefa de contar os cerca de 600 milhões de votos depositados na maior eleição do mundo, cujos primeiros resultados devem sair durante o dia.

Qualquer tendência deve ficar clara a partir do meio-dia local (03H30 Brasília), mas as pesquisas de boca de urna apontam uma vitória do atual premier, Narendra Modi.

Ao menos 67% dos 900 milhões de eleitores indianos foram às urnas entre 11 de abril e 19 de maio, e os nacionalistas hindus de Narendra Modi esperam permanecer no poder por mais cinco anos.

As eleições transcorreram durante seis semanas e quebraram todos os recordes em termos de volume e complexidade, a um custo aproximado de 7 bilhões de dólares.

A campanha se tornou um plebiscito sobre um dos primeiros-ministros mais populares e polêmicos da história da Índia.

A oposição concentrou seus ataques na gestão econômica de Modi e em sua incapacidade de gerar empregos.

O líder de 68 anos, que participou de dezenas de comícios em todo o país para animar sua base hindu, transformou a campanha em um debate sobre a segurança nacional após o atrito com o Paquistão em março.

Em 2014, Modi e seu conservador partido Bharatiya Janata (BJP) chegaram ao poder com 282 das 545 cadeiras do Parlamento.

Foi a primeira vez que um único partido obteve a maioria em 30 anos.

Segundo as pesquisas de boca de urna, desta vez Modi poderá obter entre 282 e 313 cadeiras, garantindo uma vantagem confortável no Parlamento.

Mas Rahul Gandhi, do Partido do Congresso e que pretende ser o quarto integrante da família Gandhi-Nehru a dirigir a Índia, minimizou a importância das pesquisas.

"Não fiquem frustrados por propaganda de falsas pesquisas", escreveu o líder de 48 anos no Twitter.

As pesquisas de boca de urna na Índia são conhecidas por seus equívocos. Em 2004, apontaram a vitória do BJP, mas quem ganhou foi o Partido do Congresso.

As notícias falsas e imagens manipuladas abundaram durante a campanha, como as que mostravam Gandhi e Modi almoçando com Imran Khan, o primeiro-ministro do Paquistão.

Houve também mortes. Os rebeldes maoistas que se opõem ao Estado indiano mataram 15 soldados e seu motorista no estado de Maharashtra, no oeste do país, em 1º de maio.

Confrontos ocorreram no estado-chave de Bengala Ocidental, onde o BJP esperava compensar a perda de apoio em Uttar Pradesh, o estado mais populoso.

Gandhi tentou atacar Modi em várias frentes, especialmente em um suposto caso de corrupção em um acordo de defesa com a França e nas dificuldades dos agricultores e da economia.

Ambos trocaram insultos diariamente: Modi chamou Gandhi de "burro", que por sua vez acusou o primeiro-ministro de ser "ladrão".

O governo de Modi não conseguiu criar empregos suficientes para os milhões de indianos que entram no mercado de trabalho a cada mês e a chocante e inesperada proibição de dinheiro em espécie em 2016 causou enormes problemas para as famílias.

Os linchamentos de muçulmanos e de membros da casta Dalit por comer carne, sacrificar gado e comercializar com lucro aumentaram durante o mandato de Modi, fazendo com que parte dos 170 milhões de muçulmanos do país se sentissem ameaçados e ansiosos sobre seu futuro.