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Ex-presidente do Sudão é acusado de corrupção enquanto enviados dos EUA buscam solução para crise

13/06/2019 19h57

Cartum, 13 Jun 2019 (AFP) - Representantes americanos e africanos intensificaram os esforços nesta quinta-feira em Cartum para encontrar uma solução para a crise entre os militares no governo e o movimento de protesto no Sudão, onde o derrotado presidente Omar al Bashir foi acusado de corrupção.

Retirado do cargo por um golpe militar em 11 de abril, após 30 anos no controle do país com mão de ferro pressionado por meses de protestos, Bashir foi acusado de "corrupção" por posse "de fundos de origem estrangeira e enriquecimento ilícito", segundo a agência de notícias Suna.

Em abril, general e e homem forte do atual governo sudanês Abdel Fattah al Burhan anunciou a descoberta de 113 milhões de dólares em três moedas diferentes na residência do ex-presidente.

O julgamento de Bashir era uma das principais exigências do movimento de protesto que exige agora que o Conselho Militar de Transição no governo transfira o poder aos civis.

- Pedido de investigação -

A transferência do poder para os civis é um dos pontos defendidos pelos enviados dos Estados Unidos e da União Africana (UA) que estão em Cartum para se reunir com ambas partes.

O emissário especial de Washington para a crise no Sudão, o ex-diplomata Donald Booth, chegou na quarta-feira com o al vice-secretário de Estado para África, Tibor Nagy.

Booth e Nagy tinham uma reunião prevista com Al Burhan, mas não foi possível confirmar se o encontro aconteceu.

A Aliança para a Liberdade e a Mudança (ALC), ponta de lança do movimento de protesto iniciado em dezembro de 2018, declarou que sus líderes informaram aos americanos da necessidad de uma investigação transparente da repressão de 3 de junho, atribuída às chamadas Forças de Apoio Rápido (RSF), um grupo paramilitar.

Segundo um comitê de médicos próximo ao movimento de protesto, mais de uma centena de pessoas morreram e outras 500 ficaram feridas pela repressão, a maioria no dia 3 de junho.

- "Sem otimismo excessivo" -Os enviados americanos também vão se reunir com diplomatas da Arábia Saudita, Egito e Emirados Árabes, países que apoiam os militares, segundo analistas.

O emissário da UE, Mohamed El Hacen Lebatt, afirmou que um grupo de diplomatas estrangeiros trabalhava para resolver a crise. "Posso dizer sem excessivo otimismo que as discussões que temos com cada parte separadamente avançam".

Os protestos no Sudão começaram em dezembro quando triplicou o preço do pão e se converteram depois em movimento político.

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