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Arábia e Emirados pedem que fornecimento de energia no Golfo seja garantido

15/06/2019 11h29

Dubai, 15 Jun 2019 (AFP) - A Arábia Saudita e os Emirados Árabes Unidos pediram neste sábado (15) que o fornecimento de energia no Golfo seja garantido, dois dias após ataques contra petroleiros, um dos quais se dirigia para um porto dos Emirados.

A tensão na região aumentou ainda mais na quinta-feira após os ataques a dois navios no Golfo de Omã, rapidamente atribuídos pelos Estados Unidos ao Irã, que negou qualquer envolvimento.

Os EAU pediram às potências mundiais que "cooperem para assegurar a navegação internacional e o acesso à energia", em declarações do seu ministro das Relações Exteriores, o xeque Abdullah bin Zayed Al-Nahyan, durante uma cúpula na Bulgária.

A Arábia Saudita, aliada dos Emirados e grande rival regional do Irã, pediu por sua vez uma resposta "rápida e decisiva" às ameaças contra o fornecimento de energia.

"Deve haver uma resposta rápida e decisiva para a ameaça ao abastecimento de energia criada pelos recentes ataques terroristas no Golfo", disse o ministro saudita da Energia, Khalid Al-Falih, de acordo com a conta do Twitter do ministério.

Os ataques ocorreram perto do Estreito de Ormuz, através do qual transita um terço do petróleo transportado por via marítima. Os preços do petróleo dispararam desde então.

O ministro dos Emirados, citado pela agência oficial de seu país, WAM, também pediu uma "desescalada", em meio a uma guerra verbal entre Washington e Teerã.

"A região é complexa e tem muitos recursos, de gás ou petróleo, que são necessários para o mundo. Queremos que o fluxo desses recursos permaneça seguro para garantir a estabilidade da economia mundial", declarou.

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, acusou na sexta-feira o Irã pelos ataques, baseando-se em um vídeo postado pelo Pentágono mostrando tripulantes do que parece ser um navio da Guarda Revolucionária, o exército ideológico do regime iraniano, retirando "uma bomba não detonada" do casco de um dos navios atacados.

O Irã negou qualquer responsabilidade e julgou as acusações americanas "infundadas".

- Carga altamente inflamável -Alvo de um dos ataques, o "Kokuka Courageous", um cargueiro japonês, seguia neste sábado em direção aos Emirados, segundo informou seu proprietário.

"Ainda não sabemos se o petroleiro vai para Khor Fakkan ou Fujairah, porque (as duas cidades) estão muito próximas umas das outras", disse o porta-voz do operador, que também não sabia quando o navio chegaria ao seu destino.

O "Kokuka Courageous" sofreu disparos na quinta-feira no Golfo de Omã. Os 21 tripulantes foram resgatados. Eles disseram que viram um "objeto voador" em direção à embarcação, logo antes de uma explosão.

Segundo o operador do navio, a carga de metano está intacta. Quando chegar ao porto, especialistas tentarão transferir a carga altamente inflamável para o cais, acrescentou um responsável citado pela imprensa estatal japonesa que não quis revelar sua identidade.

"Do ponto de vista da energia mundial, é necessário que a comunidade internacional administre conjuntamente" essa situação, considerou neste sábado o ministro do Comércio japonês, Hiroshige Seko, durante reunião do G20 sobre energia e meio ambiente.

O outro navio sob ataque, que transportava nafta, um produto petrolífero, foi rebocado para fora das águas iranianas e será submetido a uma avaliação dos danos causados, declarou uma porta-voz do seu operador.

"Os 23 membros da tripulação do 'Front Altair' estão sãos e salvos", disse a porta-voz.

O "Front Altair", propriedade de um construtor naval cipriota de origem norueguesa, foi atingido por três explosões que causaram um incêndio finalmente controlado.

No mês passado houve um incidente similar quando quatro navios foram atacados ao largo das costas dos Emirados Árabes Unidos. Na ocasião, Washington também acusou Teerã, que negou qualquer envolvimento.

O Irã ameaçou em várias ocasiões fechar o estratégico Estreito de Ormuz em caso de confronto com os Estados Unidos.

Os iranianos "não vão fechar (o estreito), ele não fechará, não fechará por muito tempo e eles sabem disso, já foram contados nos termos mais duros", alertou Trump na sexta-feira.

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