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Navio hospital zarpará dos EUA para atender refugiados venezuelanos

18/06/2019 19h52

Miami, 18 Jun 2019 (AFP) - O vice-presidente americano, Mike Pence, e o almirante do Comando Sul, Craig Faller, anunciaram nesta terça-feira (18) no porto de Miami a partida do navio hospital USNS Comfort, da Marinha dos Estados Unidos, para atender à crise humanitária que os refugiados venezuelanos sofrem na América Latina.

"Estamos com vocês", disse Pence em espanhol a um grupo de venezuelanos que gritavam "Amém!" no terminal do sul da Flórida, onde está atracado o USNS Comfort, cuja partida ao Caribe e à América Latina está prevista para a manhã de quarta-feira.

Esta é a segunda missão deste navio em seis meses para dar assistência médica a milhares de refugiados venezuelanos na região.

"As políticas de Nicolás Maduro e seu regime socialista fizeram encolher a economia venezuelana", disse Pence. "No que uma vez foi um dos países mais ricos do hemisfério, agora nove em cada dez venezuelanos vivem na pobreza".

"Milhares de crianças venezuelanas estão famintas e muitas morrem sem atendimento médico básico", acrescentou o vice-presidente, que depois se uniria ao presidente Donald Trump em Orlando - 370 Km ao norte de Miami - para lançar suas candidaturas às eleições de 2020.

A Venezuela protagoniza uma das maiores ondas migratórias e de refugiados do mundo como consequência da prolongada crise econômica e política que vive o país governado por Nicolás Maduro.

O governo chavista é considerado ilegítimo pela oposição venezuelana e mais de 50 países, entre eles os Estados Unidos, que reconhecem o líder da Assembleia Nacional, Juan Guaidó, como presidente interino da Venezuela.

O almirante do Comando Sul americano, Craig Faller, disse em coletiva de imprensa que a missão de cinco meses do USNS Comfort tem como objetivo "aliviar o sofrimento extremo causado pelo governo venezuelano".

Os dois funcionários estavam acompanhados de Carlos Vecchio, embaixador de Guaidó nos Estados Unidos e que tem entre suas gestões ter conseguido que este país reconheça os passaportes vencidos dos venezuelanos, que sofrem entre outras adversidades com a carência dos serviços de identificação.

"A crise humanitária que estamos enfrentando é fabricada", disse Vecchio. "Maduro criou a maior crise de refugiados da região".

Ao longo de cinco meses, o navio hospital USNS Comfort atracará em Colômbia, Costa Rica, Equador, Granada, Haiti, Jamaica, Panamá, República Dominicana, Santa Luzia e San Cristóvão e Neves.

- Um milhão desde novembro -Os 950 tripulantes e pessoal médico, entre os quais estão voluntários de Argentina, México, Colômbia e Canadá, esperam tratar entre 300 e 500 pacientes por dia nos acampamentos em terra, além da capacidade de realizar 12 cirurgias diárias a bordo do navio.

A embarcação tem uma sala de emergência com 50 leitos, além de salas de internação para 900 pessoas, um banco de sangue, unidades de radiologia e terapia intensiva, mostrou a um grupo de jornalistas - incluindo da AFP - o capitão Kevin Buss.

Segundo a agência da ONU para os refugiados (Acnur) e a Organização Internacional para as Migrações (OIM), a crise venezuelana forçou 4 milhões de pessoas (mais de 10% de sua população) a deixar o país nos últimos anos.

Deles, 3,3 milhões saíram desde 2016. Só em novembro de 2018, um milhão de pessoas fugiram da insustentável falta de comida, remédios e toda classe de itens que os venezuelanos sofrem em seu país.

O governo venezuelano desconsiderou estas cifras, acusando a Acnur de "inflá-las" para "instrumentalizar a migração venezuelana".

A maioria dos emigrantes foge por terra para os países vizinhos e dali vão para Peru, Equador, Argentina e Chile em condições precárias, muitas vezes caminhando com poucas posses.

A intensidade e a velocidade deste fluxo causaram uma crise humanitária nas fronteiras de Brasil e Colômbia, assim como nos outros países da região, onde os recursos médicos são insuficientes e cujas populações deram demonstrações de xenofobia para os refugiados venezuelanos.

Para ajudar estes governos e oferecer atendimento médico a estas populações, o USNS Comfort já tinha fornecido apoio a Equador, Peru, Colômbia e Honduras entre outubro e dezembro do ano passado.

Com 272 metros de popa a proa, o "USNS Comfort" integra a frota da Marinha americana como um navio não combativo e, como tal, não porta armas ofensivas.