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Istambul elege prefeito em votação arriscada para o presidente Erdogan

23/06/2019 12h32

Istambul, 23 Jun 2019 (AFP) - Os habitantes de Istambul voltaram às urnas neste domingo para eleger seu prefeito, após o cancelamento das eleições de março, vencidas por um adversário do presidente Recep Tayyip Erdogan.

Nas eleições municipais de 31 de março, uma figura emergente da oposição, Ekrem Imamoglu, venceu em Istambul por uma ligeira vantagem em relação ao candidato de Erdogan, o ex-primeiro-ministro Binali Yildirim.

O resultado foi anulado depois que o Partido da Justiça e Desenvolvimento (AKP), a formação conservadora islâmica do presidente, apresentou recursos para "irregularidades em massa".

A oposição, que rejeita estas acusações, denuncia um "golpe contra as urnas" e considera as novas eleições uma "batalha pela democracia".

Mais do que uma eleição municipal, as eleições em Istambul serão um teste sobre a popularidade de Erdogan e do AKP, em um momento de sérias dificuldades econômicas. "Quem vencer em Istambul vence na Turquia", diz o presidente.

Para Erdogan está em jogo conservar uma cidade com mais de 15 milhões de habitantes, capital econômica e cultural do país, controlada por seu partido há 25 anos.

A oposição procura infligir a primeira grande derrota de Erdogan desde 2003.

Seja qual for o resultado do domingo, Erdogan não sairá ileso: se ele perder, será uma nova derrota humilhante; e se ele vencer, será uma vitória marcada pelo cancelamento das eleições de março.

Nas eleições de março, o AKP também perdeu Ancara, a capital política, após 25 anos de hegemonia dos islâmicos conservadores devido à situação econômica complicada, com uma inflação de 20%, o despencar da lira turca e alta taxa de desemprego.

Erdogan, que no início da campanha mostrou-se discreto para evitar inflamar seus oponentes, voltou ao ringue nos últimos dias, multiplicando os ataques contra Imamoglu.

O presidente agora se esforça para minimizar o impacto da votação de março, e chegou a afirmar que essas eleições são "simbólicas", além de prometer que aceitará o resultado.

Diante dessa retórica polarizadora, Imamoglu mais uma vez apostou em um discurso unificador, repetindo como um mantra seu slogan: "Tudo vai ficar bem".

A oposição, no entanto, teme que haja fraude e mobilizou um exército de advogados para vigiar as urnas.

Apenas 13.000 votos - entre mais de oito milhões de eleitores - separaram Imamoglu e Yildirim em março, então o AKP convocou todos os eleitores conservadores, alguns dos quais se abstiveram ou votaram em um rival islâmico em março, e também os curdos.

Estes, considerados decisivos, são o tema de uma batalha feroz.

O AKP abrandou sua retórica sobre a questão curda nas últimas semanas e Yildrim chegou a evocar o Curdistão, um verdadeiro tabu para seu partido.

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