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EUA dizem que cultivos de coca na Colômbia caíram pela primeira vez desde 2012

26/06/2019 18h18

Washington, 26 Jun 2019 (AFP) - Os Estados Unidos afirmaram nesta quarta-feira (26) que as áreas semeadas de coca na Colômbia diminuíram pela primeira vez desde 2012, embora tenham ressaltado que os cultivos dessa planta, matéria-prima da cocaína, continuam altos.

O governo de Donald Trump indicou que as plantações de coca no país sul-americano mostraram uma pequena queda em 2018 em relação ao ano anterior, passando de 209.000 para 208.000 hectares.

"Embora o cultivo de coca na Colômbia tenha se mantido em níveis historicamente altos em 2018, foi o primeiro ano em que não aumentou desde 2012", indicou o Escritório de Política Nacional de Controle de Drogas da Casa Branca (ONDCP, na sigla em inglês)

O relatório também apontou uma pequena queda na produção de cocaína pura na Colômbia em 2018. Segundo suas estimativas, no ano passado foram produzidas no país 887 toneladas da droga, menos do que as 900 de 2017.

A Casa Branca afirmou que desde que assumiu em agosto de 2018, o presidente colombiano, Iván Duque acirrou a luta antinarcóticos da Colômbia, erradicando 56% mais de coca por mês do que o governo de seu antecessor, Juan Manuel Santos.

"Ao trabalhar de perto com o presidente Duque, estamos vendo que a Colômbia avança na conquista de nosso objetivo compartilhado de reduzir significativamente o cultivo de coca e a produção de cocaína", disse o diretor da ONDCP, Jim Carroll, citado em um comunicado.

"A associação entre nossos dois países deve permanecer forte enquanto lutamos para cumprir nossos objetivos, combater aqueles que se beneficiam do tráfico de drogas e evitar que o fluxo de drogas fatais chegue aos Estados Unidos", acrescentou.

Duque, que se queixa da "herança" de Santos em termos de narcocultivos, comemorou no Twitter a redução registrada por Washington. Este informe, afirmou, "demonstra que sim, é possível, ter resultados positivos quando se enfrenta com determinação o fenômeno das drogas".

Seu governo rejeitou nesta quarta-feira a opção de descriminalizar o negócio da droga, uma proposta de Santos, Nobel de Paz em 2016.

- Relação "narcotizada" -O aumento exponencial dos cultivos de coca e da produção de cocaína registrados em 2017 na Colômbia tensionou as relações entre Washington e Bogotá, tradicionais aliados na luta antidrogas.

Trump, no poder desde janeiro de 2017, criticou severamente o aumento dos narcocultivos e chegou a ameaçar deixar de certificar a Colômbia por seu compromisso contra o narcotráfico, pondo em risco a milionária ajuda que os Estados Unidos enviam ao país latino-americano há quase duas décadas para enfrentar o problema.

O tema pautou a relação bilateral desde a chegada ao poder de Duque, a quem Trump acusou recentemente de não "ter feito nada" para frear a saída de cocaína para os Estados Unidos.

"Há mais drogas saindo da Colômbia agora do que antes de ser presidente", declarou Trump em março.

O presidente americano, insistiu em suas críticas em abril, destacando que com Duque, "o negócio das drogas aumentou 50%", uma afirmação rechaçada por Bogotá.

O chefe da diplomacia americana, Mike Pompeo, tentou apaziguar os ânimos ao visitar a Colômbia há dois meses, prometendo que os Estados Unidos "fará sua parte" para reduzir a demanda.

Entre 2014 e 2017, as mortes por overdose de cocaína no Estados Unidos aumentaram quase 160%, e o número de consumidores desta droga aumentou 40%, de 1,53 milhão para 2,17 milhões, segundo dados oficiais.

Nesses três anos, os hectares semeados de cocaína na Colômbia passaram de 112.000 em 2014 para 209.000 em 2017 e a produção de cocaína subiu de 324 toneladas para 900.