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Trabalhismo britânico sob pressão após programa da BBC sobre antissemitismo

11/07/2019 08h45

Londres, 11 Jul 2019 (AFP) - O líder do Partido Trabalhista britânico, Jeremy Corbyn, é alvo de uma grande pressão depois que vários ex-altos dirigentes falaram em um documentário da BBC sobre o fracasso da formação na luta contra o antissemitismo.

No documentáro exibido na televisão na quarta-feira à noite ex-dirigentes, como o ex-secretário-geral do partido de oposição Iain McNicol, romperam o acordo de não divulgação e afirmaram que membros do círculo íntimo de Corbyn interferiram nas investigações sobre o antissemitismo no partido de esquerda.

O número dois do partido, Tom Watson, muito crítico a respeito de Corbyn, afirmou nesta quinta-feira que as revelações eram "desoladoras".

"Há uma cultura quase permissiva de que as pessoas podem usar linguagem antijudaica e racista tanto em nossas reuniões como nas redes sociais, e não abordamos de maneira adequada", declarou Watson à rádio BBC.

Mas um porta-voz do partido declarou que o Partido Trabalhista está "tomando medidas decisivas para erradicar o antissemitismo de nosso movimento e nossa sociedade" e que o documentário era "uma intervenção abertamente tendenciosa da BBC na controvérsia política dos partidos".

Para o programa, a televisão pública britânica entrevistou oito ex-dirigentes trabalhistas, dos quais sete trabalharam no departamento encarregado das queixas e dos conflitos do partido.

O documentário também dá a palavra a membros da formação que professam a religião judaica e que relataram os insultos que receberam.

Segundo o documentário, no ano passado, novas queixas foram recebidas e apenas 15 pessoas foram excluídas do partido.

Ao ser perguntado sobre isso, Andrew Gwynne, encarregado das comunidades dentro dos Trabalhistas, explicou que havia "muitos casos em andamento" e que algumas pessoas que estavam sendo investigadas decidiram abandonar o partido voluntariamente.

As acusações de antissemitismo sacodem o Partido Trabalhista há vários anos e aumentam as divisões entre os que denunciam a complacência de Corbyn e da ala mais à esquerda, que defende seu líder, um ferrenho defensor da causa palestina.

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