Peste suína na China faz preços e importações dispararem
Pequim, 19 Jul 2019 (AFP) - Em pleno ano do porco, símbolo de prosperidade na China, a população deste animal no país foi dizimada pela peste suína africana, que fez os preços e as importações dispararem. Analistas alertam, contudo, que o pior ainda está por vir.
De acordo com o Ministério da Agricultura, 1,16 milhão de porcos foram sacrificados de forma preventiva. A cifra provavelmente é subestimada, pois as autoridades informaram de uma redução de 60 milhões de cabeças no primeiro semestre do ano.
O vírus, particularmente violento, que não tem tratamento, causa hemorragias mortais nos porcos, que podem falecer em questão de dia.
A peste não representa nenhum perigo para humanos, mesmo se a carne contaminada for consumida.
No mercado Sanyuanli de Pequim, conhecido por ser um dos pontos de abastecimento de muitos restaurantes da capital, os açougueiros tentam tranquilizar os consumidores.
"Olha o selo azul", aponta uma das vendedoras, que pede para não ser identificada, mostrando a marca colocada na carne por autoridades sanitárias - uma forma de assegurar a segurança.
"E aqui está o certificado", mostra à AFP, na frente de uma vitrine pouco movimentada.
Com o porco ao molho agridoce, o bao, que são pãezinhos recheados cozidos a vapor, ravioles, rolinhos primavera, a carne de porco é de longe a mais consumida no país.
- UE tira proveito -"A peste suína africa atinge hoje entre 150 milhões e 200 milhões de animais" na China, estima o banco Rabobank em um estudo de abril de 2019. "Isso equivale à oferta anual de porco na Europa", acrescenta.
"No ano passado, as pessoas estavam com medo" de comer porco porque a epidemia "era muito grave", afirma a vendedora Feng Shuyue, em frente a um posto de costeletas.
"Em muitos lugares, foi preciso matar porcos doentes (...) Hoje, como os controles são muito rigorosos" em Pequim, as pessoas "já não sentem medo", garante a mulher, enquanto uma cliente concorda.
Os suínos chineses - maior população do mundo - diminuíram 15% no primeiro semestre, para 347,6 milhões de animais, segundo dados divulgados na segunda-feira pelo Departamento Nacional de Estatísticas (BNS).
"E o pior ainda está por vir", disse Jan-Peter Van Ferneij, engenheiro encarregado da vigilância internacional no Instituto Francês da Carne Suína (Ifip).
As dificuldades de suprimento aumentaram os preços da carne suína em 21,1% este ano, de acordo com o BNS, e podem subir "40% nos próximos seis meses", alertou o banco Nomura.
Para responder à demanda, Pequim utiliza carne suína estrangeira, principalmente da União Europeia (+37% das importações de janeiro a abril, segundo a Comissão Europeia) e do Brasil.
"As importações são apenas de congelados" e "atendem sobretudo a grandes cidades", afirmou Van Ferneij.
Mas, no campo, os preços são "mais altos" porque os habitantes têm o costume de comprar sua carne "do matadouro", afirmou.
sbr/ehl/jul/mis/mar/ll/cc
NOMURA HOLDINGS
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.