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China quer transformar Shenzhen em capital econômica para concorrer com Hong Kong

19/08/2019 13h54

Pequim, 19 Ago 2019 (AFP) - Depois da ameaça militar, a econômica. O governo chinês anunciou um plano de desenvolvimento de uma metrópole em Shenzhen, interpretado como uma forma de encobrir a vizinha Hong Kong, onde os protestos contra a influência de Pequim continuam.

O governo comunista considera Shenzen, situada ao lado da ex-colônia britânica, uma boa aluna em relação a Hong Kong, onde milhares de pessoas marcharam no domingo para denunciar o Executivo pró-Pequim.

No mesmo dia, o governo chinês adotou essa diretriz, cujo objetivo é fazer de Shenzen uma vitrine do "socialismo ao estilo chinês", com o plano de incluir a localidade até 2025 nos "primeiros postos das cidades do mundo em termos de potência econômica e qualidade de desenvolvimento".

Até 2035, Shenzen "se encontrará no primeiro posto mundial" em termos de competitividade global, afirma o documento publicado nesta segunda-feira pela imprensa chinesa.

A cidade, que já foi um simples vilarejo de pescadores, viveu nos últimos 40 anos um crescimento fulgurante, beneficiada por seu estatuto de "Zona Econômica Especial" para atrair investimentos de Hong Kong e exportar em direção ao território sob administração britânica até 1997.

Shenzen atraiu indústrias, sobretudo tecnológicas, bem como uma mão de obra jovem e qualificada proveniente de todo país.

A cidade tem mais de 12 milhões de habitantes, atualmente, contra oito milhões de Hong Kong. O PIB das duas é equivalente.

- 'Lugar melhor' -A imprensa chinesa compara o futuro desenvolvimento esperado em Shenzhen com o risco enfrentado por Hong Kong, em caso de continuidade das manifestações contra o governo pró-Pequim.

O projeto do governo tornará Shenzen "um lugar melhor em relação à vizinha Hong Kong, onde dois meses de manifestações radicais lançaram sombras sobre o papel da cidade enquanto centro financeiro internacional", destaca o jornal "Global Times".

"Se Hong Hong ainda não estiver disposta a aproveitar sua oportunidade de participar do desenvolvimento do país, seu desenvolvimento será muito limitado no futuro, enquanto Shenzhen avançará a grande velocidade", afirmou um analista citado pelo jornal.

Após dois meses de manifestações para pedir democracia em Hong Kong, o governo da China mencionou nos últimos dias a ameaça de uma intervenção armada no território semiautônomo.

Analistas acreditam que Pequim poderia evitar uma decisão do tipo, arriscada para o estatuto de centro financeiro mundial de Hong Kong.

- Atrair estrangeiros -O documento elaborado pelo governo não explica como a China planeja acelerar o desenvolvimento de Shenzen.

A lei defende um sistema de entradas e saídas "mais aberto e prático" na fronteira entre Hong Kong e Shenzen.

Uma forma de atrair investimentos estrangeiros seria instalar empresas de alta tecnologia em Shenzen, na tentativa de ocupar a dimensão internacional de Hong Kong.

Shenzhen já está no centro do projeto chinês para criar uma grande zona econômica em torno do estuário do Rio das Pérolas, que inclui Hong Kong, a ex-colônia portuguesa de Macau, assim como a província de Guangdong, integrando Shenzhen e Guangzhou.

Esta região tem mais de 70 milhões de habitantes. As recentes tensões podem, porém, frustrar este projeto.

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