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Investimentos de petroleiras são incompatíveis com Acordo de Paris, diz ONG

Sergio Moraes/Reuters
Imagem: Sergio Moraes/Reuters

Em Paris

06/09/2019 16h23

Desde 2018, os gigantes mundiais do petróleo aprovaram US$ 50 bilhões em investimentos em projetos incompatíveis com o Acordo de Paris sobre o clima, denunciou hoje a ONG Carbon Tracker.

"Todas as grandes companhias petroleiras estão apostando maciçamente contra o objetivo de limitar o aquecimento global a 1,5 ºC e investem em projetos que são incompatíveis com o Acordo de Paris", indicou Andrew Grant, autor de um informe para o "think tank" britânico.

Para cumprir os objetivos internacionais de limitar o aquecimento global, a demanda de combustíveis fósseis teria de diminuir, segundo os cenários estabelecidos pela Agência Internacional de Energia (AIE).

Se a demanda diminuir, os projetos de menor custo vão gerar rentabilidade suficiente, segundo a Carbon Tracker.

A ONG identificou, porém, 50 bilhões de dólares de investimentos em 18 grandes projetos recentes que não podem ser rentáveis em um mundo onde o aquecimento global seria limitado, devido particularmente a uma diminuição do consumo de energia fóssil.

Estes investimentos são realizados pelas "principais empresas europeias" - BP, Shell, Total e Equinorque - "que fazem todo o possível para garantir aos investidores que estão abordando os problemas climáticos", disse a Carbon Tracker em seu informe.

Um exemplo é um projeto gigante de gás natural liquefeito (GNL) de 13 bilhões de dólares no Canadá dirigido pela Shell.

Para as grandes companhias de petróleo e gás, assim como para seus acionistas, existe um risco significativo de que os ativos, nos quais investiram maciçamente, percam todo seu valor a longo prazo.

Entre os mastodontes do setor, o americano ExxonMobil é o que corre o maior risco de ver seus ativos desvalorizados, segundo os cálculos da Carbon Tracker.

É seguido pela anglo-holandesa Shell, pela francesa Total, pela americana Chevron, pela britânica BP e pela italiana Eni.

Alguns dos grupos reagiram imediatamente nesta sexta para se defender. O BP, por exemplo, lembrou que apoiou os objetivos do Acordo de Paris e que se lançou no setor das energias renováveis.

"Tudo isto tem como objetivo fazer que o BP passe de uma empresa de petróleo e gás para uma empresa de energia em um sentido muito mais amplo", disse um porta-voz.