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Estudo descarta fraude em idade de francesa de 122 anos recordista de longevidade

16/09/2019 20h27

Paris, 16 Set 2019 (AFP) - O recorde de longevidade da francesa Jeanne Calment, falecida oficialmente aos 122 anos em 1997, é válido, de acordo com um estudo científico publicado nesta segunda-feira e baseado em novos documentos e modelos matemáticos que descartam uma possível fraude apontada em 2018 por pesquisadores russos.

A ideia de que a francesa, que ficou famosa no final do século XX por sua idade avançada, não era Jeanne, mas sua filha Yvonne Calment, que a teria substituído em 1934, "é infundada", afirmam pesquisadores suíços e franceses em um artigo publicado no Journal of Gerontology.

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Para sustentar suas conclusões, os autores recuperaram vários documentos históricos, incluindo um artigo publicado na imprensa local em 1934 em Arles - onde Calment morava - segundo o qual uma "multidão particularmente grande" compareceu ao funeral de Yvonne, filha de Jeanne, supostamente falecida aos 36 anos.

Difícil imaginar que essas numerosas testemunhas não tenham observado a fraude, "a menos que a ideia de cumplicidade de dezenas de pessoas seja aceita" nessa fraude de identidade, enfatizam os pesquisadores.

"Todos os documentos encontrados vão contra à hipótese russa", disse à AFP o especialista em demografia Jean-Marie Robine, diretor de pesquisa de duas instituições na França.

O estudo analisa outro argumento dos pesquisadores russos, que consideravam estatisticamente impossível para um ser humano viver 122 anos.

Ao estudar a longevidade de todas as pessoas nascidas na França em 1875 e 1903, os pesquisadores calcularam que um centenário tinha uma em dez milhões de chances de atingir a idade de 122 anos.

Uma probabilidade baixa, mas que não torna a idade de Jeanne Calment menos "crível", de acordo com um dos coautores do estudo, o especialista em geriatria e epidemiologista François Herrmann, dos hospitais universitários de Genebra.

No entanto, os dois pesquisadores russos mantiveram sua versão nesta segunda-feira, ao afirmar à AFP que o estudo franco-suíço que refuta sua hipótese contém muitos "erros e lacunas".

"Os autores desta publicação enganam a comunidade científica mundial e o mundo inteiro para não desacreditar seu trabalho anterior", declarou o gerontólogo Valéri Novosselov.

O matemático Nikolai Zak, membro da Sociedade de Naturalistas da Universidade de Moscou e que havia posto em dúvida pela primeira vez o recorde de longevidade de Jeanne, afirma que a nova publicação é "muito fraca".

Os dois cientistas publicaram em dezembro de 2018 no site ResearchGate um estudo que afirmava que a idosa falecida em 1997 não era Jeanne mas sua filha Yvonne, que teria vivido por 63 anos com a identidade de sua mãe. Para isso, analisaram muitos documentos e arquivos, assim como testemunhos de pessoas que a haviam conhecido.

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