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Netanyahu e Gantz em nova disputa acirrada nas eleições em Israel

17/09/2019 22h10

Jerusalém, 18 Set 2019 (AFP) - Benny Gantz, principal adversário do primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, nas eleições legislativas desta terça-feira, defendeu a formação de um governo de unidade nacional, diante da indefinição mostrada pelas pesquisas de boca de urna.

"Atuaremos para formar um amplo governo de unidade que expresse a vontade do povo (...). Iniciamos as negociações e falarei com todo mundo", declarou Gantz, líder do partido Kahol Lavan (Azul e Branco), para simpatizantes reunidos em Tel Aviv.

"Esta noite começa o projeto de reparação da sociedade israelense. A unidade e a reconciliação estão diante de nós", declarou Gantz, ex-comandante do Exército.

Já Netanyahu, no poder há uma década, declarou que vai aguardar os resultados, mas antecipou que "nos próximos dias começará a negociar para estabelecer um governo sionista forte e evitar um perigoso partido anti-sionista".

Segundo as últimas projeções, o Likud de Netanyahu obterá entre 30 e 32 cadeiras das 120 do Parlamento (Knesset), contra 32 para a aliança de Gantz.

Além dos votos alcançados por estes dois partidos, os resultados dos possíveis aliados de cada um serão decisivos, porque a questão não é tanto quem conquistará mais cadeiras entre Netanyahu e Gantz, e sim qual dos dois poderá obter, através de alianças, os 61 deputados para a maioria no Parlamento.

De acordo com as pesquisas, até o momento nenhum bloco parece capaz de reunir este número e formar um governo após a segunda eleição legislativa em cinco meses. A votação em abril teve um resultado semelhante, com o Likud e a aliança Kahol Lavan obtendo 35 cadeiras cada.

Com seus aliados tradicionais, o Likud poderia ter entre 53 e 57 assentos, e o "Azul-Branco" algo em torno de 54 a 59, de acordo com os levantamentos que registram a imagem de um país polarizado.

- Convocação à "união nacional" -Em abril, o presidente do país, Reuven Rivlin, encomendou a formação do governo a Netanyahu que, diante da impossibilidade de formar uma coalizão majoritária, preferiu dissolver o parlamento e realizar novas eleições.

De acordo com as pesquisas, Israel Beitenou, partido do ex-ministro da Defesa Avigdor Lieberman, que frustrou as negociações em abril, terá entre oito e dez cadeiras, o que o fará decisivo novamente.

"Há apenas uma opção para nós, que é a formação de um amplo governo de união nacional e liberal com o Israel Beitenou (seu partido)", disse Lieberman após a publicação das pesquisas.

"Estamos em um estado de emergência econômica e de segurança, portanto o estado precisa de um governo amplo", acrescentou Lieberman, pedindo ao presidente Rivlin que convoque Netanyahu e Gantz nesta semana para sair do impasse político.

Lieberman se opôs durante sua campanha aos partidos de judeus ultraortodoxos, aliados do Likud de Netanyahu, a quem ele acusa de querer transformar Israel em um estado religioso. Além dos partidos ultraortodoxos, Lieberman também atacou veementemente as formações árabes nos últimos anos.

Mas esses partidos, que obteriam entre 11 e 15 assentos, podem ser decisivos para a formação do governo.

"A era de Netanyahu acabou", disse Ahmed Tibi, um dos expoentes da "Lista Unida" de partidos árabes, na terça-feira à noite.

"Se Benny Gantz nos convidar, comunicaremos nossas condições, após consultar as partes da Lista Unida, talvez não queira nos chamar e prefira formar um governo de unidade nacional" sem as partes árabes, acrescentou.

- Sobrevivência política - As novas eleições foram realizadas apenas um mês depois da audiência de Netanyahu, de 69 anos, na justiça sobre "corrupção", "abuso de confiança" e "desvio de verbas", sem que se tenha aberto até o momento um processo.

Netanyahu, conhecido como "Bibi" e de quem Donald Trump é próximo, é suspeito de ter tentado obter uma cobertura jornalística favorável do site de informações Walla, em troca de favores do governo que poderiam ter se materializado em centenas de milhões de dólares para o Bezeq, o grupo principal de telecomunicações de Israel, cujo presidente é proprietário do Walla.

Uma vitória eleitoral de Netanyahu pode permitir que seus aliados votem para manter sua imunidade. Mas se ele for eleito e depois acusado, se tornará o primeiro chefe de Governo em exercício em tal situação na história de Israel.

Contra "Bibi", Gantz, ex-chefe de gabinete do exército, 60 anos, se apresenta com uma proposta mais liberal em questões sociais, mas com uma imagem de falcão em relação à segurança.

Gantz poderia apostar em uma aliança de partidos laicos - de esquerda e árabes - contra o bloco de direita de Netanyahu e seus aliados de partidos judeus ultraconservadores.

"Em poucas oportunidades os eleitores se viram diante de duas opções tão diferentes, apenas dois caminhos, e devem escolher qual seguir", disse na segunda-feira Gantz.

Pelo menos 6,4 milhões de israelenses estavam aptos a vator nestas eleições, mas até aa 20H00 locais (14H00 de Brasília), a taxa de participação era de 63,7%, levemente superior ao registrado no mesmo horário no pleito de abril.

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