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Cameron pediu ajuda à rainha para referendo sobre a independência da Escócia

19/09/2019 08h15

Londres, 19 Set 2019 (AFP) - O ex-primeiro-ministro britânico David Cameron afirmou nesta quinta-feira que em 2014 pediu um discreto apoio da rainha Elizabeth II durante a campanha para o referendo sobre a independência da Escócia, apesar de seu papel neutro como chefe de Estado.

Cameron, que liderou a bem-sucedida campanha contra a separação, explicou à BBC que sentiu um "crescente sentimento de pânico" diante das pesquisas que previam uma vitória do campo da independência. Nesse contexto, ele decidiu pedir ajuda à monarca.

"Lembro-me das conversas que tive com meu secretário particular e que ele esteve com o secretário particular da rainha e que eu mesmo estive com esta última, em que não pedimos nada deslocado ou inconstitucional, mas simplesmente um pequeno gesto que acreditávamos que poderia fazer a diferença", relatou em um documentário sobre seus anos no governo.

Alguns dias antes do referendo de setembro de 2014, Elizabeth II disse esperar que "as pessoas refletissem com muito cuidado sobre o futuro", um comentário que foi interpretado como uma orientação da soberana para manter a integridade do país.

Foi "muito sucinto, mas permitiu modificar um pouco a percepção das coisas", disse Cameron à BBC.

A Escócia finalmente votou por 55% para permanecer no Reino Unido.

Essa revelação de Cameron provocou uma reação de indignação do Partido Nacionalista Escocês (SNP), que controla o governo autônomo da Escócia.

"Não é apenas algo totalmente deslocado, mas mostra até que ponto o primeiro-ministro estava desesperado no último trecho da campanha do referendo escocês", tuitou Alex Salmond, ex-primeiro ministro escocês (2007-2014) e ex-líder do SNP.

Diante da crescente insatisfação que o Brexit causa na Escócia, os independentistas estão se preparando para solicitar uma nova consulta no futuro, embora ainda não tenham especificado a data.

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