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Israel inicia consultas para designar o primeiro-ministro

22/09/2019 11h21

Jerusalém, 22 Set 2019 (AFP) - O presidente de Israel, Reuven Rivlin, iniciou neste domingo as consultas para decidir quem, entre Benjamin Netanyahu e Benny Gantz, será o responsável por formar um governo de coalizão para retirar o país da estagnação política, após eleições que não tiveram um vencedor com maioria absoluta.

O partido centrista Kahol Lavan ("Azul-Branco") de Gantz conquistou 33 cadeiras das 120 do Parlamento nas legislativas de terça-feira, contra 31 para o Likud (direita) de Netanyahu, primeiro-ministro e a pessoa que passou mais tempo à frente do governo na história de Israel.

Contando os aliados naturais ou prováveis, Gantz alcançaria até 57 deputados e Netanyahu 55. Nenhum deles tem capacidade de chegar a 61 cadeiras, que representa a maioria absoluta na Kneset (Parlamento israelense).

O presidente Rivlin, com um cargo praticamente simbólico, terá um papel político chave nos próximos dias ao designar quem será responsável por formar o governo.

Em Israel a tentativa de formar o governo não cabe de fato ao líder do partido que conquista mais cadeiras no Parlamento: a questão é objeto de consultas entre o presidente e os partidos, que recomendam os candidatos.

O presidente não necessariamente é obrigado a escolher o líder político com o maior número de recomendações. Ele pode seguir seu instinto.

Benjamin Netanyahu e Benny Gantz são os favoritos, mas o presidente pode optar por uma terceira via.

As consultas devem prosseguir na segunda-feira e uma decisão é aguardada para os próximos dias.

As reuniões com o presidente seguem a ordem dos resultados eleitorais. Os aliados de Gantz são os primeiros, seguidos pelo Likud de Netanyahu, a "Lista Unida" dos partidos árabes israelenses de Ayman Odeh, o partido ultraortodoxo Shass e a formação nacionalista laica Israel Beitenu de Avigdor Lieberman.

Dois homens podem ter um papel essencial: Ayman Odeh e Avigdor Lieberman.

A Lista Árabe de Odeh, terceira força força política de Israel depois das legislativas, já indicou claramente que não apoiaria Netanyahu, mas não manifestou um apoio expresso a Gantz.

Avigdor Lieberman, ex-ministro da Defesa e que já foi aliado de Netanyahu, faz campanha contra os partidos judeus ultraortodoxos, aliados do primeiro-ministro, que acusa de tentar transformar Israel em uma teocracia judaica.

Lieberman, também hostil aos partidos árabes, quer formar um governo de união com o partido "Azul-Branco" de Gantz e com o Likud de Netanyahu, mas afirma que não apoia ninguém ao posto de primeiro-ministro.

Netanyahu joga a sobrevivência política. Depois de arriscar tudo nas eleições de terça-feira, ele pode acabar perdendo a aposta, algo incomum em sua longa carreira política.

E as consultas são ainda mais importantes, já que ele deve ser interrogado pela justiça em outubro por supostos casos de "corrupção, fraude e abuso de confiança".

Netanyahu busca obter uma imunidade do Parlamento ante um eventual processo.