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Manifestantes de Hong Kong ocupam centro comercial mas não chegam ao aeroporto

22/09/2019 10h52

Hong Kong, 22 Set 2019 (AFP) - Os manifestantes pró-democracia de Hong Kong se concentraram neste domingo em um centro comercial, onde alguns radicais provocaram danos em uma estação de metrô, mas não conseguiram perturbar a atividade no aeroporto.

Por meio de aplicativos de mensagens, o movimento de protesto havia convocado os manifestantes a "testar" a capacidade de resistência do aeroporto, com ações em seus edifícios, assim como nos acessos por trem e ou rodovia.

Mas para evitar a chegada de um grande número de manifestantes, as autoridades reduziram o tráfego ferroviário e a circulação de ônibus, ao mesmo tempo que intensificaram os controles policiais.

O aeroporto de Hong Kong - o oitavo mais movimentado do mundo - se tornou um alvo frequente dos manifestantes, que desde junho denunciam o retrocesso das liberdades e a interferência do governo de Pequim nesta região semiautônoma, ex-colônia britânica.

Pelo 16º fim de semana consecutivo, milhares de manifestantes saíram às ruas para protestar e, neste domingo, ocuparam um centro comercial no distrito de Sha Tin, ao norte de Hong Kong, onde cantaram diversas músicas e produziram origamis.

A situação ficou tensa durante a tarde, quando integrantes de um pequeno grupo radical, com os rostos encapuzados, jogaram em um rio uma bandeira da China que arrancaram de um edifício.

Várias pessoas danificaram as máquinas de venda de bilhetes na estação de metrô de Sha Tin, o que provocou a intervenção da polícia, que acabou fechando a estação.

Antes da ação das forças de segurança, canais de TV exibiram imagens de um homem, com cortes no rosto, cercado por manifestantes pró-democracia dentro da estação.

Hong Kong enfrenta a mais grave crise política desde sua devolução à China em 1997, com manifestações e ações quase diárias, incluindo algumas que terminam em confrontos violentos entre manifestantes radicais e as forças de segurança.

No sábado, a polícia e os manifestantes se enfrentaram por alguns minutos perto da fronteira com a China. As forças de segurança usaram gás lacrimogêneo e jatos de água contra pequenos grupos de radicais, que estabeleceram barricadas e atiraram pedras e coquetéis molotov.

Vários manifestantes foram detidos nos confrontos, menos intensos que os registrados nos fins de semana anteriores.

Ao mesmo tempo, em Washington, três ativistas pró-democracia, Joshua Wong, Denise Ho e Brian Leung, afirmaram no sábado à AFP que estão dispostos a seguir com a luta.

Eles afirmaram que Hong Kong se transformou em um "Estado policial", no qual as forças de segurança, comandadas por Pequim, têm apenas o objetivo de reprimir um protesto popular legítimo.

As mensagens que pedem uma greve se multiplicaram na Internet, que deve acontecer antes de 28 de setembro - data que marca o início da "Revolução dos Guarda-Chuvas" de 2014 - e 1º de outubro, quando a fundação da República da China completa 70 anos.