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Distante de Trump, Bolton garante que Coreia do Norte ainda quer armas nucleares

30/09/2019 19h20

Washington, 30 Set 2019 (AFP) - John Bolton advertiu nesta segunda-feira (30) que a Coreia do Norte não renunciou realmente às armas nucleares, em sua primeira aparição pública desde que deixou seu cargo como assessor de segurança nacional do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.

Em conferência sobre a Coreia do Norte, no Centro de Estudos Estratégicos e Internacionais em Washington, Bolton disse que agora podia falar em termos claros" sobre a "grave ameaça" trazida pelo regime de Kim Jong Un.

"Parece claro que a RPDC não tomou uma decisão estratégica de abandonar suas armas nucleares", disse Bolton, fazendo referência ao nome oficial do país, a República Popular Democrática da Coreia.

Bolton é uma figura conhecida por suas posturas duras de "falcão" em política externa que expressou sob a forma de ameaças com ações militares contra a Coreia do Norte, e também contra o Irã e a Venezuela.

No ano passado, denunciou Venezuela, Nicarágua e Cuba como a "Trinca da tirania" e desde sua chegada à Casa Branca, houve uma pressão na política contra o governo de Caracas, liderado por Nicolás Maduro.

Nesta segunda-feira, Bolton quebrou seu silêncio para denunciar que o governo de Pyongyang ainda está apostando em um programa nuclear.

"Acho que a decisão estratégica pela qual Kim Jong Un está operando é a de que fará todo o possível para manter uma capacidade de produzir armas nucleares e desenvolvê-la e melhorá-la ainda mais", declarou.

Seus comentários se contradizem com as perspectivas otimistas de Trump após três reuniões, das quais o presidente americano saiu afirmando que Kim se manterá fiel à sua palavra.

Antes de começar a trabalhar com Trump, Bolton, um forte oponente do governo norte-coreano, chamou Kim de "escória humana".

Na coletiva, ele também mencionou repetidos lançamentos norte-coreanos de projéteis de curto alcance que Trump minimizou, dizendo que Kim gosta dos lançamentos e que eles não violam os acordos, embora preocupem.

"Os testes de mísseis balísticos de curto alcance que vimos nos meses recentes não nos dão nenhuma razão para pensar que não são ameaçadores", disse.

- "Grande erro" -Nesse sentido, o ex-funcionário destacou que esses projéteis vão ajudar Pyongyang a desenvolver uma tecnologia para mísseis de longo alcance.

Bolton também alertou que os Estados Unidos não estão prestando suficiente atenção às crescentes tensões entre a Coreia do Sul e o Japão, por conta de questões sobre o passado colonial.

"Isso está passando despercebido no radar dos Estados Unidos, o que é um grande erro", acrescentou.

Trump anunciou em 10 de setembro a demissão de Bolton, que alegou ter deixado o governo voluntariamente. Mais tarde, Trump declarou que eles tinham várias divergências sobre política externa.

Durante a entrevista, Bolton defendeu uma política externa mais envolvida, o oposto do discurso de Trump, que alegou querer reduzir compromissos no exterior.

"Este não é o momento de um desligamento ou retirada dos Estados Unidos. É o momento de um maior envolvimento e liderança na Península Coreana, na Ásia e no mundo inteiro", concluiu.