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Bolsonaro 'ataca frontalmente' os direitos humanos, alerta HRW

16/10/2019 20h45

São Paulo, 16 Out 2019 (AFP) - O presidente Jair Bolsonaro está "atacando frontalmente" os direitos humanos no Brasil, denunciou nesta quarta-feira (16) o diretor da ONG Human Rights Watch (HRW), Kenneth Roth, denunciando as políticas de segurança e ambiental do governo empossado em janeiro.

Para Roth, o presidente estimularia a polícia a usar a força letal sem justificativa adequada; tem tentado enfraquecer o poder da sociedade civil e da mídia; atacou os defensores da floresta, deu aval à [exploração de] madeira ilegal na Amazônia e tem minado os esforços para combater a tortura.

Essa é a primeira vez que a HRW, uma organização internacional de defesa dos direitos humanos, traz sua junta de diretores ao Brasil para se reunir com autoridades locais a fim de "manifestar presencialmente nossa preocupação", disse Roth.

Embora avalie que o Brasil "tem uma democracia forte", o advogado americano adverte que ela está em jogo.

"Um presidente, somente porque foi eleito, não está acima da lei. Muitos autocratas no mundo tentam se colocar acima da lei. Dizem: 'fui eleito, não preciso seguir a lei, não preciso respeitar os direitos humanos'", alertou durante uma coletiva de imprensa em São Paulo.

"É assim que emerge um governo autoritário, assim que são gerados esses tipos de ditaduras eleitas", alertou.

Durante sua visita ao Brasil, entre os dias 14 e 17 de outubro, os membros da HRW têm uma agenda intensa, com reuniões com o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia e com o chanceler, Ernesto Araújo.

De acordo com Roth, a equipe de Bolsonaro não respondeu à sua solicitação de reunião. Procurada pela AFP para saber o porquê de não ter respondido à solicitação da HRW, a presidência da República não se manifestou.

O ministro da Justiça e da Segurança Pública, Sergio Moro, "somente nos respondeu que poderia nos receber quando já estávamos no avião, saindo de Brasília", afirmou Roth.

O governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel, recusou um encontro com a HRW.

Witzel tem promovido uma dura política de segurança, multiplicando os confrontos armados entre a polícia e os criminosos, o que muitas vezes resulta em vítimas civis.

Nos primeiros oito meses de 2019, 1.249 pessoas morreram assassinadas pela polícia no estado do Rio de Janeiro, um aumento de 16% em relação ao mesmo período de 2018, ano em que, no total, foram registradas 1.534 mortes.

Desde que chegou ao poder em janeiro, Bolsonaro foi alvo de críticas de ONGs e de manifestações contra medidas de seu governo, como o corte de verbas para a educação e seu projeto para flexibilizar o porte de armas.

Em setembro, a Alta Comissária da ONU para os Direitos Humanos, Michelle Bachelet, alertou para uma "redução do espaço democrático" no Brasil.

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