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Cenários do Brexit após novo acordo entre Londres e Bruxelas

17/10/2019 12h55

Londres, 17 Out 2019 (AFP) - Duas semanas antes da data prevista para o Brexit, Londres e Bruxelas anunciaram um novo acordo nesta quinta-feira (17), mas sua adoção por parte do Parlamento britânico se anuncia complicada, mantendo a incerteza sobre a saída britânica da União Europeia.

Estes são os possíveis cenários daqui para frente:

- Aprovação do Parlamento britânico -Os deputados britânicos, que se reunirão excepcionalmente no sábado (19), aprovam o acordo. Isso implicará que Boris Johnson, que não possui maioria absoluta, será capaz de obter o apoio de todos os seus deputados conservadores, dos sindicalistas irlandeses do DUP e de alguns rebeldes da oposição ao Brexit.

Alguns deputados trabalhistas e independentes de círculos eleitorais que votaram para deixar a UE no referendo de 2016 provavelmente aprovarão o texto para evitar um Brexit sem acordo.

Uma vez aprovado por Westminster, o texto deve ser ratificado pelo Parlamento Europeu antes de 31 de outubro, data prevista para o divórcio.

- Rejeição do Parlamento britânico -Boris Johnson não consegue convencer um número suficiente de deputados. Seu Partido Conservador não tem maioria absoluta no Parlamento, onde ocupa 288 dos 650 assentos.

Além disso, o DUP, um pequeno partido ultraconservador de cujo apoio o governo depende, anunciou que não votará a favor do acordo.

O líder do principal partido da oposição, o trabalhista Jeremy Corbyn, também pediu para que rejeitem o texto, o que torna uma vitória improvável, ou muito apertada.

- Novo adiamento do Brexit -Inicialmente agendado para 29 de março de 2019, o Brexit já foi adiado duas vezes em face da repetida oposição parlamentar ao acordo de divórcio negociado com Bruxelas pela ex-primeira-ministra Theresa May.

Johnson garante que não pedirá uma nova extensão.

Para evitar um Brexit caótico e sem acordo, porém, os parlamentares aprovaram uma lei em setembro, em caráter de urgência, obrigando o premiê a pedir outro adiamento se não conseguir, até 19 de outubro, um acordo com a UE que seja aceitável para o Parlamento britânico.

Portanto, se o texto for rejeitado no sábado, Johnson deverá enviar uma carta à UE solicitando uma terceira extensão, que precisará da aprovação de seus 27 sócios europeus.

- Brexit sem acordo -Se o Parlamento britânico rejeitar o acordo, e os 27 não aprovarem um novo adiamento - ou Boris Johnson encontrar uma maneira de contornar a lei que o obriga a solicitar o adiamento -, o Reino Unido terá de deixar UE de qualquer jeito e sem um pacto em 31 de outubro.

Diante dessa possibilidade, ao negociar com Bruxelas, o Executivo britânico intensificou os preparativos para um Brexit sem acordo.

Segundo relatos do próprio governo, esse cenário terá consequências econômicas catastróficas, congestionamentos monumentais nos portos, escassez de alimentos frescos, remédios e outros produtos importados pelo país.

Também causará uma queda na libra esterlina, um declínio nas exportações, incluindo uma recessão e distúrbios violentos, de acordo com várias projeções divulgadas até o momento.

- Eleições gerais -Depois de perder sua estreita maioria parlamentar em setembro, devido a uma rebelião em suas fileiras, Johnson tem tentado convocar eleições legislativas antecipadas. As próximas eleições gerais não estão agendadas até 2022.

Decidir uma antecipação eleitoral requer uma maioria parlamentar de dois terços, e a oposição trabalhista já anunciou que não aprovará um novo pleito, até que a ameaça de um Brexit sem acordo seja completamente descartada.

Se o acordo com Bruxelas for aprovado, ou se um novo adiamento na data do Brexit for obtido, as eleições parecem inevitáveis nos próximos meses, dada a profunda crise política no Reino Unido.

- Brexit é cancelado -Se o Partido Trabalhista vencer as legislativas, prometeu convocar um segundo referendo que incluirá a possibilidade de simplesmente cancelar o Brexit.

Além disso, o centrista Partido Liberal-Democrata, que sobe rapidamente nas pesquisas, prometeu acabar com o Brexit, se chegar ao governo.

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