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Conheça Arlene Foster, a mulher que pode fazer desandar acordo do Brexit

17/10/2019 16h57

Londres, 17 Out 2019 (AFP) - O futuro do Brexit está nas mãos dela: Arlene Foster, de 49 anos, líder do pequeno Partido Unionista Democrático (DUP, na sigla em inglês) solidificou suas convicções durante os distúrbios que fizeram sangrar a Irlanda do Norte e defendeu de forma obstinada a união de sua província com o Reino Unido.

Londres e Bruxelas anunciaram nesta quinta-feira (17) que fecharam um novo acordo sobre o Brexit, duas semanas antes da data marcada para a saída do Reino Unido da União Europeia. Mas o texto também deve ser aprovado pelo Parlamento britânico, onde Foster, com seus dez deputados, é uma aliada indispensável do primeiro-ministro, Boris Johnson.

Contudo, o DUP expressou claramente nesta quinta suas dúvidas em relação ao acordo firmado, o que torna impossível sua aprovação pelo Parlamento.

Como consequência, Arlene Foster, uma unionista apaixonada, não rompe com seus princípios, e para ela é inaceitável qualquer estatuto para a Irlanda do Norte diferente do resto do Reino Unido.

Suas convicções foram forjadas a sangue. Tinha apenas 8 anos quando, em 1979, militantes do Exército Republicano Irlandês (IRA) disparam um tiro na cabeça de seu pai, que trabalhava como policial, no sítio da família localizada perto da fronteira com a República da Irlanda, na época fortemente militarizada. Apesar da gravidade do ferimento, seu pai sobreviveu.

Aos 16 anos, Arlene Foster sentiu na pele a violência da luta pela independência. O ônibus escolar em que estava sofreu um ataque executado pelo IRA, que tinha como alvo o motorista do veículo, membro das forças armadas.

- Ultraconservadora -Essa mulher de temperamento forte, com cabelos castanhos curtos e presença imponente, é advogada e especialista em negociações. Ele conseguiu obter mais de 1 bilhão de libras para sua província em troca de seu apoio à ex-ministra Theresa May.

Casada e mãe de três filhos, foi até recentemente a primeira-ministra da Irlanda do Norte antes de deixar o cargo devido a um escândalo sobre subsídios à energia renovável.

Foster compartilha os mesmos ideais dos ultraconservadores de seu partido em temas sociais, sendo contrária ao aborto e ao casamento entre homossexuais, proibidos na província.

A dirigente explicou numa entrevista ao Belfast Telegraph que os ataques que testemunhou em sua infância forjaram sua visão da vida.

"Isto moldou parte do que sou, é algo que não consigo mudar. Deu forma à minha adolescência, minhas opções políticas, mas ao mesmo tempo não creio que seja possível deixar que o passado decida o futuro", declarou.

Foster estudou direito na Queen's University de Belfast antes de se filiar à Associação de Jovens Unionistas, organização da juventude do Partido Unionista do Ulster (UUP), principal formação protestante que governou quase sem oposição a Irlanda do Norte desde a criação da província, em 1922, no momento da independência da Irlanda.

Após ser eleita para a nova assembleia norte-irlandesa em 2003, ele deixou o UUP no ano seguinte para ingressar no DUP, devido a suas divergências quanto aos termos do acordo de paz da Irlanda do Norte, negociado pelo UUP, que pôs fim em 1998 a três décadas de confrontos.

Galgou rapidamente posições no partido, até se tornar a primeira mulher a assumir o cargo de primeira-ministra da Irlanda do Norte em janeiro de 2016.

Foster teve um relacionamento tumultuado com seu vice-primeiro-ministro Martin McGuiness, líder do partido Sinn Fein (braço político do IRA), que renunciou por motivos de saúde em janeiro de 2017 e faleceu algumas semanas depois. Segundo os termos do acordo de paz de 1998, as duas partes são realmente obrigadas a governar juntas.

Desde então, Foster e Sinn Fein não conseguiram fechar um acordo e a província é governada de fato por Londres.

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