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Presidente quer nova votação separatista na Catalunha, onde seguem protestos

17/10/2019 09h01

Barcelona, 17 Out 2019 (AFP) - O presidente regional da Catalunha, Quim Torra, sugeriu nesta quinta-feira uma nova votação sobre a independência na região espanhola durante seu mandato em resposta à condenação de seus ex-líderes pela tentativa de secessão de 2017.

"Defenderei que essa legislatura (que expira no início de 2022) seja concluída com o exercício novamente do direito à autodeterminação", declarou ao Parlamento regional.

"Todos conhecemos as dificuldades impostas pela repressão e pelo medo. Mas devemos seguir em frente e não ser intimidados por ameaças e proibições", acrescentou.

Essa tentativa fracassada de secessão em outubro de 2017, promovida pelo antecessor de Torra, Carles Puigdemont, levou à condenação entre 9 e 13 anos de prisão de nove líderes separatistas, decisão tomada na segunda-feira pelo Supremo Tribunal Federal que gerou três dias de fortes protestos com muita violência nesta região do nordeste da Espanha.

Até quarta-feira à meia-noite, com vários carros queimando em Barcelona e manifestantes jogando coquetéis molotov na polícia, Torra não condenou os fatos.

Em sua participação parlamentar, pediu apenas para "isolar e separar os "provocadores e agitadores dos manifestantes separatistas, mas também que sejam investigadas as ações da polícia subordinada a seu próprio governo por supostos excessos.

Após uma nova noite de violência nas ruas de Barcelona, os defensores da independência catalã começaram nesta quinta-feira o quarto dia consecutivo de mobilização contra a condenação de seus líderes.

Barcelona mostrava as cicatrizes de uma segunda noite de tumultos, com veículos queimados e barricadas nas ruas, e as autoridades locais relataram bloqueios de estradas devido a protestos ou queima de pneus em diferentes partes da Catalunha.

Muitas vias férreas também foram ocupadas por manifestantes na região de Barcelona, o que prejudicou a circulação de trens, mas o serviço foi retomado algumas horas depois.

Na quarta-feira, 96 pessoas receberam atendimento médico em quatro cidades da região, 58 delas em Barcelona, de acordo com fontes médicas.

O ministério do Interior informou que 33 pessoas foram detidas na quarta-feira, 12 delas em Barcelona, pela violência que deixou 46 policiais (nacionais e regionais) feridos, alguns deles com gravidade.

O chefe do Governo espanhol de esquerda, Pedro Sánchez, que durante a quarta-feira se reuniu com lideranças dos principais partidos políticos, não anunciou qualquer medida extraordinária em relação aos distúrbios, como foi reivindicado pela oposição de direita, em plena campanha para as eleições legislativas de 10 de novembro.

Fontes do ministério afirmaram que reforços policiais foram enviados à essa região de 7,5 milhões de habitantes.

Entre as medidas pedidas está a aplicação da Lei de Segurança Nacional, que colocaria nas mãos do Estado as competências em matéria de segurança da Catalunha e que poderia, inclusive, abrir caminho para uma intervenção da autonomia regional, como a que ocorreu em 2017 após a tentativa de secessão.

Sánchez se reunirá nesta quinta com um comitê para coordenar a situação na Catalunha antes de viajar para Bruxelas para participar de uma cúpula sobre o Brexit, segundo fontes de seu governo.

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