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Presidenciáveis democratas querem pressionar Israel por Estado palestino

28/10/2019 21h38

Washington, 29 Out 2019 (AFP) - Os presidenciáveis democratas prometeram nesta segunda-feira (28) mudar drasticamente o apoio agressivo a Israel adotado pelo governo de Donald Trump e prometeram pressionar por um acordo de paz que leve a um Estado palestino.

"Exigimos que o governo israelense se sente com o povo palestino e negocie um acordo que funcione para todas as partes", declarou o senador progressista Bernie Sanders perante o J Street, um grupo de esquerda que argumenta estar mais em sintonia com os judeus americanos.

Sanders disse que sua mensagem para Israel seria "se você quer ajuda militar, vai ter que mudar fundamentalmente sua relação" com os palestinos.

Seis meses depois de todos os candidatos democratas rejeitarem a conferência anual da AIPAC, histórico lobby pró-israelense em Washington, cinco candidatos apresentaram pessoalmente uma mensagem de paz no mesmo centro de convenções da capital em frente ao J Street.

Sanders, que raramente fala sobre sua confissão judaica, explicou como o assassinato de grande parte da família de seu pai no Holocausto formatou suas opiniões progressistas.

"Se há quem entenda na Terra o perigo do racismo e do nacionalismo branco sem dúvida é o povo judeu", disse Sanders, sob fortes aplausos.

Em discurso em estilo de campanha, Sanders, que quer se tornar o primeiro presidente judeu dos Estados Unidos, acusou Trump e o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, de fomentar a divisão.

"Permitam-me destacar isto porque será mal entendido: não é antissemitismo dizer que o governo de Netanyahu tem sido racista", disse.

Assim, pediu que parte da assistência militar anual americana de US$ 3,8 bilhões seja destinada a uma ajuda humanitária para a Faixa de Gaza em uma "intercessão radical" pelo território empobrecido, que foi bloqueado desde que elegeu o movimento islâmico Hamas em 2007.

"Quem vai negar que quando o desemprego juvenil é de 60%, quando as pessoas não têm esperança, quando as pessoas não podem abandonar literalmente a região, quem pode pensar por um momento que não está criando as bases para a violência contínua?", enfatizou.

Trump, cujo governo é firmemente pró-Israel, deu passos históricos, inclusive o reconhecimento de Jerusalém como a capital do Estado hebreu, apesar da divisão existente sobre o tema e da condenação internacional. Além disso, expressou apoio a um Netanyahu em posição hesitante, inclusive quando ele aventou a possibilidade de anexar partes da Cisjordânia.

Por sua vez, outros dois candidatos, o ex-vice-presidente Joe Biden e a senadora Elizabeth Warren - os favoritos entre os democratas -, enviaram mensagens de vídeo nas quais anteciparam que se oporiam a qualquer ação que feche as portas a um Estado palestino.

"Se o governo de Israel continuar com os passos para anexar formalmente a Cisjordânia, os Estados Unidos deveriam deixar claro que nada da nossa ajuda deveria se usar para poiar a anexação", expressou Warren.