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França elimina chefe jihadista, mas Mali ainda sofre com insurgência islamita

06/11/2019 10h51

A bordo de avião do governo francês, Mali, 6 Nov 2019 (AFP) - A França anunciou que suas tropas mataram no mês passado o marroquino Ali Maychou, o número dois do Grupo de Apoio ao Islã e Muçulmanos (GSIM) no Mali, e o segundo terrorista mais procurado no Sahel, segundo as autoridades francesas.

O exército do Mali vem enfrentando dificuldades para conter a insurgência islamita na região, apesar da ajuda de França, dos vizinhos africanos e das Nações Unidas.

"Maychou era o segundo terrorista mais procurado no Sahel, inclusive por americanos, depois do número um do GSIM, Iyad Ag Ghaly", segundo a ministra francesa da Defesa, Florence Parly.

Compreendendo vários grupos jihadistas vinculados à organização Al-Qaeda no Magreb Islâmico (AQIM), o GSIM assumiu a autoria dos maiores ataques no Sahel desde seu lançamento oficial, em 2017.

Ag Ghaly é um tuaregue maliense que esteve envolvido na militância por quase três décadas.

Uma série de ataques mortais aumentaram a fragilidade da região, onde a violência jihadista matou centenas de pessoas.

No ataque mais recente, reivindicado por militantes aliados ao grupo Estado Islâmico, homens armados mataram na sexta-feira 49 militares malienses em uma base perto da fronteira com o Níger.

Durante o fim de semana, outros dois soldados malienses e um soldado francês foram mortos.

A França, cuja força Barkhane, composta por 4.500 homens, está no Sahel desde 2014, tentava convencer parceiros europeus a aumentarem sua assistência militar.

Parly admitiu que a situação de segurança na região era "claramente difícil", mas afirmou que a França estava perto de fazer um grande avanço nas conversações.

"Até 2020, forças especiais de países europeus serão deslocados no Mali junto com as forças especiais francesas para transmitir um know-how excepcional" ao exército do Mali, disse Parly durante visita à cidade de Gao (norte).

Ela afirmou, ainda, que cerca de uma dezena de países tinham se apresentado para se juntar à unidade - que será denominada "Takuba", que significa "sabre" no idioma tuaregue - e receberam respostas encorajadoras.

A participação é condicionada aos votos em parlamentos nacionais, mas Parly disse que estava "otimista".

Os esforços para implementar a presença de segurança europeia na região ocorre enquanto ataques continuados fizeram surgir questionamentos sobre a capacidade do exército malinês e seus apoiadores estrangeiros a controlar a situação, bem como protestos contra as forças internacionais.

- Violência e revolta -Ali Maychou foi morto na noite de 8 de outubro com a ajuda de soldados malineses e apoio dos Estados Unidos, disse Parly.

Ele se aliou ao AQIM em 2012, antes de cofundar o GSIM com Iyad Ag Ghaly e ser o mentor de sua expansão no Sahel.

"É muito importante desorganizar profundamente esses movimentos, mas isso não significa que eles vão se autodestruir", disse Parly.

O norte do Mali caiu nas mãos dos jihadistas em 2012 antes de os militantes serem expulsos por uma intervenção militar liderada pela França.

Mas os jihadistas se reagruparam para lançar ataques rápidos em atos de violência que se espalharam para o centro do Mali.

Um mês atrás, cerca de 40 militares foram mortos perto da fronteira com Burkina Faso.

O presidente do Mali, Ibrahim Boubacar Keita, havia dito que os ataques de sexta-feira demonstram que a ajuda de forças estrangeiras é "mais necessária do que nunca".

A Minusma, missão de paz da ONU composta por 13 mil homens no Mali, ajudou o exército a construir a base Indelimane no ano passado, juntamente com soldados franceses.

O G5 Sahel, uma força-tarefa conjunta de cinco países, criada em 2014, para enfrentar a ameaça jihadista, também é ativo na região, e compreende tropas de Burkina Faso, Mali, Mauritânia, Níger e Chade.

Mas a instabilidade contínua motivou protestos.

Em meados de outubro, centenas de manifestantes atearam fogo a pneus e saquearam contêineres com provisões da ONU em frente ao acampamento militar da Minusma em Sevare, perto da cidade maliense de Mopti (centro).

Desde o começo do ano, também tem havido protestos contra tropas estrangeiras no Níger.

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