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La Paz recupera normalidade com nova presidente da Bolívia

13/11/2019 14h17

La Paz, 13 Nov 2019 (AFP) - A cidade de La Paz, sede dos poderes executivo e legislativo da Bolívia, recuperou quase completamente a normalidade nesta quarta-feira, um dia após Jeanine Añez assumir a presidência interina, passadas três semanas de paradas e bloqueios nas ruas.

Uma parte considerável do serviço de transporte público voltou ao normal e nove das dez de teleféricos que ligavam os bairros da cidade e à cidade vizinha de El Alto retomaram suas operações, após dois dias de paralisação, observaram os jornalistas da AFP.

Apenas uma linha em El Alto permanece paralisada com o risco de ataques da multidão devido à renúncia do presidente Evo Morales, que está refugiado no México.

Os protestos começaram em Santa Cruz no dia seguinte às eleições questionadas de 20 de outubro, nas quais Morales venceu, de acordo com o resultado oficial, e depois se estendeu a outras cidades.

La Paz ficou uma semana quase totalmente paralisada, até terça-feira.

Os bancos reabriram suas portas nesta quarta-feira, assim como o comércio, após vários dias de terror em bairros que sofreram saques ou ameaças de atos de pilhagem, o que motivou a formação de grupos de vigilantes e a colocação de barricadas com todos os tipos de objetos para impedir a circulação de pedestres e veículos a motor.

"Temos a tarefa de trabalhar para que tudo volte ao normal", disse o comandante da Polícia Nacional, general Yuri Calderón, que disse que dezenas de delegacias, principalmente em La Paz e El Alto, foram saqueadas e queimadas por vândalos.

Em El Alto, uma coluna de centenas de apoiadores de Morales se dirigiam para La Paz, onde a presidente Añez deve nomear os primeiros membros de seu gabinete ministerial durante o dia.

Os médicos do setor público, em greve há mais de um mês devido a demandas setoriais, e os professores, que pararam após as eleições, anunciaram que voltariam às suas atividades durante esta quarta.

A normalidade também voltava aos poucos em quase todo o país, de acordo com canais de televisão privados, embora ainda houvesse manifestações nos arredores de La Paz, El Alto, Cochabamba (centro) e Santa Cruz (leste), um feudo de oposição a Morales.

Em Yapacaní, uma cidade de Santa Cruz, mantém-se um bloqueio de camponeses leais a Morales, enquanto policiais e militares tentam restaurar o tráfego de veículos.

Os plantadores de coca de Chapare em Cochabamba, bastião do ex-presidente de esquerda, anunciaram que não reconhecem a nova presidente.

"Convocamos as organizações sociais à mobilização nacional contra o golpe de Estado e rejeitamos a autoproclamação de Añez como presidente por ser uma medida inconstitucional", disse o líder dos sindicatos da colheita de coca, Andrónico Rodríguez.

O conflito pós-eleitoral deixou sete pessoas mortas e cerca de 400 feridas em três semanas, segundo o Ministério Público.

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