Quatro esposas de jihadistas e seus filhos são devolvidos à França pela Turquia
Paris, 9 dez 2019 (AFP) - Quatro esposas de supostos jihadistas e seus sete filhos foram enviados de volta à França nesta segunda-feira pela Turquia, onde foram detidas após fugir de campos na Síria.
"A expulsão de combatentes terroristas estrangeiros continua e, neste contexto, 11 cidadãos franceses foram devolvidos", afirmou o ministério turco do Interior em comunicado.
Duas mulheres expulsas são alvos de mandado de prisão na França e devem ser apresentadas diretamente a um juiz para indiciamento, segundo uma fonte judicial.
As outras duas, alvos de um mandado de busca, foram colocadas em prisão preventiva quando chegaram no aeroporto de Paris Roissy, segundo esta fonte. As crianças foram atendidas pelo Serviço Social Infantil.
Ancara começou em novembro a reenviar ao seu país de origem os jihadistas estrangeiros detidos em seu território, alegando sua recusa em "ser um hotel para membros do Daesh", sigla em árabe do Estado Islâmico (EI).
Na França, onde o repatriamento de jihadistas detidos na Síria continua sendo recusado pelo governo, a expulsão decidida pela Turquia faz parte do "protocolo Cazeneuve", nome do ex-ministro do Interior (2014-2016).
Assinado em 2014, este acordo de cooperação policial entre Paris e Ancara permite que os jihadistas que retornam da Síria via Turquia sejam imediatamente interceptados em seu retorno.
Em 13 de novembro, o secretário de Estado para o Interior Laurent Nuñez disse que já havia "quase 250 pessoas entregues sob este protocolo pelas autoridades turcas".
Segundo uma fonte familiarizada com o assunto, antes de cair em mãos turcas, as quatro mulheres que chegaram à França nesta segunda-feira ficaram detidas em campos no nordeste da Síria sob controle curdo.
Suspeita de ter permitido que jihadistas cruzassem sua fronteira para chegar à Síria após o início do conflito que devastou este país desde 2011, a Turquia, atingida por vários ataques cometidos pelo EI, se juntou à coalizão anti-jihadista em 2015.
Mas Ancara foi acusada de enfraquecer a luta contra o EI com sua ofensiva - concluída no final de outubro - contra as Unidades de Proteção do Povo (YPG), milícia curda fundamental no combate contra a organização jihadista.
Cerca de 300 mulheres e crianças francesas estão sendo mantidas em campos no nordeste da Síria, sob condições muito precárias.
Somente as repatriações de órfãos foram autorizadas até agora por Paris.
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