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Israel volta às urnas pela terceira vez no ano

11/12/2019 21h00

Jerusalém, 12 dez 2019 (AFP) - Após meses de conversações, duas eleições e uma denúncia de corrupção contra o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, os israelenses voltarão às urnas em março, para a terceira eleição em menos de um ano, algo inédito na história do Estado hebreu.

Como se estivessem presos no tempo, Netanyahu e seu adversário Benny Gantz, parelhos nas eleições de abril e setembro, voltarão a se enfrentar diante da ausência de um acordo.

O prazo para a formação do novo governo expirou à meia-noite desta quarta-feira, às 23H59 local, e os parlamentares israelenses passaram a discutir detalhes do projeto de lei que prevê eleições no dia 2 de março.

Os deputados já haviam aprovado, em primeira votação, o projeto de lei para a celebração de novas eleições.

"Nos empurram para novas eleições [...] e o único que podemos fazer é vencê-las, obter uma grande vitória, e é o que vamos fazer", comentou Netanyahu em mensagem divulgada por sua equipe.

O primeiro-ministro, que soma 13 anos no poder, foi indiciado no final de novembro por corrupção, quebra de confiança e negligência em uma série de casos.

Algumas pessoas do seu círculo, inclusive seu advogado, também devem ser indiciadas por lavagem de dinheiro, pela compra de submarinos da empresa alemã ThyssenKrupp.

Netanyahu desejava liderar um eventual governo de unidade, na esperança, entre outros, de obter imunidade judicial, o que Gantz rejeitou, estimando que seu rival deve resolver seus problemas com a Lei antes de assumir o cargo de primeiro-ministro.

"Parece que entramos em um terceiro ciclo eleitoral devido às tentativas de Netanyahu de obter sua imunidade", declarou Gantz.

Segundo pesquisas recentes, os partidos de Netanyahu, o Likud (direita), e de Gantz, Azul-Branco (centro direita) seguem sem atingir - com seus respectivos aliados - a maioria necessária para formar um governo.

Entre os dois rivais, está o nacionalista Avigdor Lieberman, líder da formação Israel Beitenou, o único não alinhado e cujo apoio a Netanyahu ou Gantz poderia ser suficientes para uma maioria.

Mas Lieberman não usou seu trunfo nos últimos meses, levando Israel a novas eleições, para desgosto de parte da população e de alguns meios de comunicação que já ironizam a data da... quarta eleição.

Diante de uma contestação em seu próprio campo, liderada pelo deputado Gideon Saar, Benjamin Netanyahu abriu as portas para primárias para nomear o líder do Likud, garantindo ao mesmo tempo que vencerá a votação interna.

Netanyahu já enfatizou a importância, segundo ele, de avançar com seu plano de anexar uma parte estratégica da Cisjordânia ocupada e de assinar um tratado de defesa conjunto com os Estados Unidos.

Netanyahu é próximo do presidente americano Donald Trump, que reconheceu a soberania israelense sobre as Colinas de Golã, reconheceu Jerusalém como a capital de Israel e recentemente determinou que os assentamentos israelenses na Cisjordânia ocupada não eram contrários ao direito internacional.

Daí a declaração do primeiro-ministro de Israel de que ele é o único, graças a suas relações com o governo Trump, capaz de avançar nessas questões delicadas.

Por sua vez, o partido de Benny Gantz endossou de alguma forma a futura candidatura do ex-militar ao cargo de primeiro-ministro. O estatuto interno do movimento prevê uma alternância com seu parceiro Yair Lapid nas eleições. Mas Lapid disse na segunda-feira que deixará tudo para Gantz neste remake por vir.

"O importante não é a rotação, nem o cerco, mas a guerra de libertação, para libertar o país da corrupção".

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THYSSENKRUPP