Aumenta tensão diplomática entre Alemanha e Rússia por assassinato de separatista checheno
Moscou, 12 dez 2019 (AFP) - Moscou anunciou nesta quinta-feira (12) a expulsão de dois diplomatas alemães, em resposta a uma medida idêntica tomada na semana passada pelo governo de Angela Merkel, após o assassinato de um ex-combatente separatista checheno em um parque em Berlim.
O ministério russo das Relações Exteriores convocou o embaixador alemão para dizer a ele que "dois funcionários da embaixada serão declarados 'persona non grata' e terão sete dias para deixar" o país.
A Alemanha considerou que essas expulsões "enviam um sinal ruim e não são justificadas".
Em 4 de dezembro, o governo alemão anunciou que dois membros da embaixada russa deixariam imediatamente do país, depois que Berlim censurou Moscou por não cooperar com a investigação do assassinato, cometido em 23 de agosto, de um georgiano que pertencia à minoria chechena do país.
"Uma cooperação séria e imediata das autoridades russas continua sendo uma necessidade urgente, na opinião do governo", ressaltou o ministério das Relações Exteriores da Alemanha na quinta-feira, depois de ouvir a decisão russa.
No entanto, o presidente russo Vladimir Putin garantiu na segunda-feira que essas expulsões mútuas não significavam que havia uma crise diplomática e que Moscou faria "todo o possível" para ajudar a Alemanha a esclarecer as circunstâncias do crime.
A vítima foi identificada como Tornike Khangochvili. Ele tinha 40 anos e recebeu três tiros. Testemunhas descreveram uma verdadeira "execução".
O tribunal federal alemão, responsável por questões de espionagem, conduz a investigação e o principal suspeito até agora é um russo de 54 anos que foi preso após o crime e que usava uma identidade falsa.
Para a justiça alemã, o crime foi cometido "por encomenda de entidades ligadas ao Estado da Federação Russa ou por encomenda da República Autônoma da Chechênia", dirigida por Ramzan Kadyrov.
- Ex-combatentes chechenos assassinados -Vários ex-combatentes chechenos foram mortos no exílio, incluindo o presidente separatista Zelimkhan Ianderbiev, que morreu na explosão de bomba quando viajava em um carro no Catar em 2004. Dois agentes secretos russos foram condenados por esse crime.
Tornike Khangochvili é uma figura pouco conhecida na Rússia, mas lutou ao lado dos chechenos por volta do ano 2000.
Na última segunda-feira, durante uma cúpula sobre o conflito ucraniano em Paris, Putin disse que Khangochvili "participou ativamente de atividades separatistas" e era uma pessoa procurada pelos serviços russos por ter organizado, entre outros, "ataques ao metrô de Moscou".
Entre 2004 e 2010, a capital russa sofreu vários ataques no metrô perpetrados por guerrilheiros islâmicos, na época muito ativos em várias repúblicas russas do norte do Cáucaso.
No entanto, a imprensa russa enfatizou, um dia após a declaração de Putin em Paris, que o nome de Khangochvili nunca havia sido mencionado nas investigações desses ataques.
alf/apo/cac/bl/mar/mr
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