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Confrontos entre manifestantes e policiais deixaram 377 feridos no Líbano

19/01/2020 13h04

Beirute, 19 Jan 2020 (AFP) - Um total de 337 pessoas ficaram feridas nos confrontos deste sábado entre manifestantes e policiais em Beirute, um nível de violência inédito desde o início do protesto e que mostra a piora da situação no Líbano, mergulhado em uma crise socioeconômica e política.

Os manifestantes lançaram novos chamados para uma mobilização neste domingo perto do parlamento, próximo à Praça dos Mártires, epicentro dos protestos, que começaram em 17 de outubro.

Ontem à noite houve confrontos nesta parte elegante do centro da cidade, que se viu envolta em uma nuvem persistente de gás lacrimogêneo e perturbada por sirenes de ambulâncias. As forças de ordem dispararam balas de borracha e os manifestantes lançaram pedras.

Os feridos, entre manifestantes e policiais, foram atendidos no local ou levados para hospitais, segundo dados da Cruz Vermelha e da Defesa Civil libanesas.

A violência começou em frente a uma das principais portas do parlamento, no centro de Beirute, quando manifestantes atacaram policiais do batalhão de choque posicionados atrás de barricadas.

- 'Nenhuma justificativa' -Nas redes sociais, um vídeo mostra membros das forças de ordem agredindo pessoas apresentadas como manifestantes que desembarcavam de uma caminhonete em um quartel de Beirute. A polícia anunciou no Twitter a abertura de uma investigação sobre o ocorrido.

Cerca de 30 pessoas foram detidas nestes incidentes, embora a promotoria tenha ordenado a sua libertação, anunciou neste domingo a agência oficial ANI. "Não havia justificativa para o uso brutal da força pela polícia contra manifestantes, a maioria pacíficos", estimou a Human Rights Watch (HRW).

As manifestações ganharam força nas últimas semanas, pela piora da situação socioeconômica e pela incapacidade das autoridades de formar um governo mais de dois meses depois da demissão do premier Rafic Hariri. Nos últimos dias, manifestantes atacaram agências de vários bancos, acusados de serem coniventes com o poder, no bairro Hamra, em Beirute.

As manifestações das últimas semanas também respondem às restrições que os bancos estão impondo aos saques. O Líbano tem uma dívida de quase 90 bilhões de dólares, ou mais de 150% de seu PIB, e o Banco Mundial advertiu, em novembro, que o índice de pobreza poderia atingir 50% da população, contra o atual um terço.

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