Ilhas gregas no mar Egeu se mobilizam contra os campos de migrantes
Lesbos Island, Greece, 22 Jan 2020 (AFP) - Milhares de gregos se manifestaram nesta quarta-feira nas ilhas do mar Egeu que abrigam os maiores campos de migrantes, reivindicando a partida imediata de milhares de solicitantes de asilo.
As ilhas de Lesbos, Samos e Chios tiveram uma greve de 24 horas, com fechamento de estabelecimentos comerciais e gabinetes de serviços públicos.
Centenas de moradores se manifestaram nos portos dessas três ilhas, perto da Turquia, hasteando bandeiras gregas.
O principal slogan da mobilização é: "Queremos recuperar nossas ilhas, queremos recuperar nossas vidas".
Os solicitantes de asilo "devem se dividir em toda a Grécia", disse à AFP em Lesbos Efstratios Peppas, aposentado de 72 anos.
"E a Europa deve assumir suas responsabilidades. Também deve acolher os migrantes", acrescentou, em meio aos manifestantes concentrados no porto de Mitilene.
Perto da asfixia, o acampamento erguido em Moria, sul de Lesbos, cujas condições precárias de superlotação são denunciadas pelo Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (Acnur) e diversas ONGs de defesa dos direitos humanos, acolhe mais de 19.000 solicitantes de asilo quando sua capacidade é para apenas 2.840 pessoas.
A situação também é dramática em Samos, onde 7.500 migrantes se espremem no campo de Vathy, nos arredores da cidade com este nome, com capacidade de 650 pessoas.
Em Chios, o centro de acolhida e albergue de Vial foi pensado para receber mil pessoas, mas há 5 mil solicitantes de asilo vivendo ali em condições dramáticas.
Em novembro, o governo anunciou a criação de novos acampamentos, cada um com capacidade para mais de 5 mil pessoas, localizados nas cinco ilhas gregas do Egeu - além das três mencionadas, Kos e Leros.
Mas autoridades locais se opõem firmemente e exigem que cada centro receba apenas até mil migrantes.
- Brigas mortais -Em Lesbos, sobretudo, a violência entre migrantes é frequente. Em janeiro, dois deles foram esfaqueados e morreram no campo de Moria. Uma afegã de 18 anos está entre a vida e a morte em um hospital após ter sido apunhalada nesta semana.
Além disso, três solicitantes de asilo se suicidaram nas últimas semanas em centros de detenção na Grécia.
"Exigimos o fechamento imediato de Moria", dizia um cartaz na manifestação de Lesbos.
A Grécia ficou na linha de frente durante a crise migratória de 2015, ano em que passaram 850 mil pessoas por este país com destino à Europa central.
E, no ano passado, se tornou a principal porta de entrada de migrantes na Europa.
A Acnur contabilizou, em 2019, mais de 59.700 chegadas à Grécia por mar e mais de 14.800 por via terrestre, sobretudo através da fronteira com a Turquia, portanto na ordem das 74.500 chegadas durante o ano.
Desde o começo de 2020 mais de 3 mil novos migrantes entraram na Grécia, metade deles por mar, segundo a Acnur.
A Grécia está experimentando uma "fatiga migratória", se lamentou recentemente Georgens Koumoutsakos, vice-ministro de Imigração (uma pasta recém-criada pelo governo de direita de Kyriakos Mistotakis), pedindo uma "verdadeira solidaridade" por parte da comunidade internacional.
wv-jph-chv/hec/avz/age/mb/ll/cc
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