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Acusadora de Weinstein conta sobre a sua agressão em um quarto infantil

27/01/2020 21h37

Nova York, 28 Jan 2020 (AFP) - Uma das principais acusadoras de Harvey Weinstein relatou nesta segunda-feira (27) durante uma sessão do julgamento do ex-homem forte de Hollywood como foi agredida sexualmente em um quarto infantil no apartamento do produtor, em Nova York.

Mais de 80 mulheres, incluindo as atrizes Salma Hayek e Angelina Jolie, denunciaram Weinstein por assédio, agressão sexual ou estupro desde o surgimento do escândalo sobre seus supostos abusos em outubro de 2017, que deu origem ao movimento #MeToo.

No entanto, o grande de Hollywood responde judicialmente apenas por dois caos: por violentar a atriz Jessica Mann em 2013 e por agredir sexualmente a ex-assistente de produção Mimi Haleyi em 2006.

Nesta segunda-feira, Haleyi, de 42 anos, contou a sua versão do que ocorreu no apartamento de Weinstein no Soho, por onde passou para cumprimentar o produtor.

Descreveu um homem carinhoso que de repente mudou de comportamento sem qualquer sinal prévio. "Me abraçou e me acariciou", ela contou.

Quando estava dentro do apartamento dele, Haleyi disse que teve que "continuar andando porque ele me empurrava com seu corpo". Encurralada, ela chegou ao quarto infantil que havia no apartamento do produtor, que tinha desenhos de criança colados nas paredes.

"Durante esse tempo eu lhe disse que não queria nada disso", relatou. Segundo ela, o produtor então a empurrou sobre a cama.

"Cada vez que tentava me levantar, ele voltava a me empurrar", afirmou, em lágrimas. "Continuei dizendo-lhe que não fizesse isso. Disse que estava menstruada. Estou usando um absorvente", acrescentou.

Weinstein, na época um dos homens mais poderosos de Hollywood, retirou o seu absorvente e forçadamente fez sexo oral em Haleyi, contou a testemunha. "Tentei fugir, mas percebi que não adiantava nada" diante de um homem de mais de 130 kg, quase três vezes o seu peso. "Eu apenas desisti".

"Imaginei que ir a polícia não seria uma opção para mim", explicou a assistente do reality show "Project Runway", que trabalhava em Nova York sem visto de trabalho e corria risco de ser deportada dos Estados Unidos.

Ela tinha medo de Weinstein, a quem descreveu como um homem com poder e muitos contatos.

Em outro momento da sessão, o advogado de defesa, Damon Cheronis, mostrou ao júri uma mensagem enviada dois anos após o incidente testemunhado por Haleyi, na qual ela teria enviado uma mensagem amigável para o produtor.

- Relação consentida? -A defesa busca atacar a credibilidade das acusadoras, e insiste que as duas tiveram relações amigáveis com Weinstein durante os vários anos após as supostas acusações.

O produtor argumenta que todas as suas relações foram consensuais. Se ele for considerado culpado pelos crimes dos quais é acusado, o ex-poderoso produtor de filmes enfrentará uma sentença máxima de prisão perpétua.

Haleyi contou que duas semanas após a agressão, foi ao quarto do produtor no Tribeca Hotel, e eles tiveram relações sexuais enquanto ele a insultava aos gritos. O incidente, no entanto, não faz parte da acusação.

"Conseguiu me convencer a nos encontrarmos de novo para fazer algo do tipo de novo e me senti uma idiota por acreditar no que dizia, embora não me lembre da conversa", disse Haleyi.

Ela afirmou que Weinstein a levou para a cama. "Eu só fiquei jogada lá (...) Ele fez sexo comigo".

Durante o interrogatório da defesa, o advogado Damon Cheronis mostrou ao júri um e-mail enviado dois anos depois por Haleyi a Weinstein, assinado "com muito amor".

"É apenas uma forma comum de se despedir", explicou Haleyi.

"Você conhecia uma relação consentida com Weinstein?", perguntou o advogado, e Haleyi o negou.

A segunda foi uma agressão sexual?, insistiu Cheronis. "Não resisti", disse Haleyi.

"Nunca a agrediu sexualmente!", disse Cheronis antes do fim da audiência. "Isso não é verdade", respondeu ela, sem perder a calma.

A defesa quer atacar a credibilidade das duas acusadoras e insiste em que ambas mantiveram uma correspondência carinhosa com o acusado por vários anos após as supostas agressões.

Weinstein afirma que todas as suas relações sexuais foram consentidas. Se for considerado culpado de ser um predador sexual, pode ser condenado à prisão perpétua.

Após o depoimento de Haleyi e da atriz Anabella Sciorra na semana passada, a testemunha mais aguardada agora é Jessica Mann, outra acusadora.

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