Negociador europeu adverte para possível ruptura brutal após o Brexit
Dublin, 27 Jan 2020 (AFP) - O Reino Unido e a União Europeia correm o risco de uma ruptura brutal caso não alcancem um acordo sobre sua futura relação pós-Brexit até o fim do ano, um prazo muito curto, advertiu o negociador europeu Michel Barnier.
"Agora, a primeira fase terminou e tudo está por reconstruir", disse Barnier sobre o Brexit, que entrará em vigor na sexta-feira, durante uma entrevista coletiva em Dublin, onde se reuniu com o primeiro-ministro irlandês Leo Varadkar.
O primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, deseja concluir a negociação da relação pós-Brexit até o fim do ano para não prolongar o período de transição, previsto até 31 de dezembro.
Mas as autoridades europeias advertiram que o tempo é insuficiente e um acordo completo não será alcançado.
"No fim do ano (...) se não tivermos um acordo, as coisas não seguirão com a rotina habitual e o status quo", afirmou Barnier. "Temos que enfrentar o risco de ficar à beira do abismo, especialmente no que diz respeito ao comércio", completou.
Na ausência de um acordo comercial, as relações econômicas entre Londres e os 27 serão administradas pelas normas da Organização Mundial do Comércio (OMC), que são menos vantajosas porque fixam tarifas de importação às mercadorias.
Além de sua relação comercial, as partes terão que alcançar um acordo para as áreas de segurança, energia, pesca e transporte.
O mandato da UE deve ser aprovado a nível ministerial em 25 de fevereiro, de acordo com fontes europeias, o que permitiria iniciar as negociações em 1 de março.
Barnier deixou claro que o "nível de acesso" ao mercado único europeu para os produtos britânicos será "proporcional" ao grau de respeito pelo Reino Unido das normas europeias, "em particular as normas sobre ajudas estatais".
Varadkar afirmou que a UE aborda as negociações "de uma posição muito forte".
"Somos 27 países, temos uma população de 450 milhões de pessoas e o mercado único é a maior economia do mundo", disse.
O líder irlandês, que em 8 de fevereiro buscará a reeleição nas legislativas antecipadas, considerou "muito difícil" o calendário proposto por Johnson, mas disse acreditar que "é possível construir uma associação muito estreita".
jts-mpa-acc/zm/fp
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