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Sobreviventes de Auschwitz lançam alerta frente ao ressurgente antissemitismo, 75 anos após libertação

 Sobreviventes do campo de concentração de Auschwitz na cerimônia de 75 anos da libertação - Aleksandra Szmigiel/Reuters
Sobreviventes do campo de concentração de Auschwitz na cerimônia de 75 anos da libertação Imagem: Aleksandra Szmigiel/Reuters

Na Polônia

27/01/2020 09h17

Passados 75 anos da libertação de Auschwitz, sobreviventes do Holocausto, hoje menos numerosos, reúnem-se no local hoje para honrar a memória de mais de 1,1 milhão de vítimas - principalmente judeus - e lançar um alerta ao mundo frente ao ressurgente antissemitismo.

Procedentes do mundo inteiro, são mais de 200 sobreviventes neste antigo campo de concentração nazista de Auschwitz, situado no sul da Polônia. Lá, compartilharão seus testemunhos no intuito de chamar atenção para a recente onda de ataques antissemitas dos dois lados do Atlântico - alguns letais.

Com gorros e lenços listrados de azul e branco, simbolizando os uniformes destes prisioneiros no campo, atravessaram, com tristeza, o célebre portal de ferro com a inscrição "Arbeit macht frei" ("O trabalho liberta", em tradução livre do alemão para o português). Acompanhados do presidente polonês, Andrzej Duda, depositaram coroas de flores perto do "muro da morte", onde os nazistas mataram milhares de pessoas.

"Queremos que a próxima geração saiba o que nós vivemos e que isso não aconteça nunca mais", declarou com a voz embargada pela emoção o sobrevivente de Auschwitz David Marks, de 93 anos, antes de uma cerimônia no domingo de manhã.

Marks perdeu 35 membros de sua família próxima e distante de judeus romenos em Auschwitz, o maior dos campos da morte instalados pela Alemanha nazista, que se tornou símbolo dos seis milhões de judeus europeus mortos no Holocausto.

A partir de meados de 1942, os nazistas deportaram sistematicamente judeus de toda Europa para seis grandes campos de extermínio: Auschwitz-Birkenau, Belzec, Chelmno, Majdanek, Sobibor e Treblinka.

'Sem política'

Os organizadores insistem no fato de que a cerimônia comemorativa de hoje deve se concentrar no que os sobreviventes têm a dizer, e não nas divergências políticas que marcaram os preparativos da data.

"Trata-se dos sobreviventes, não se trata de política", declarou Ronald Lauder, presidente do Congresso Judaico Mundial, neste ex-campo de concentração hoje transformado em memorial e museu, administrados pela Polônia.

"Observamos o impulso do antissemitismo, e não queremos que seu passado (o dos sobreviventes) seja o futuro de seus filhos, ou o futuro de seus netos", completou.

Chefes de Estado e de governo de quase 60 países assistirão à cerimônia de hoje, que contará com a ausência dos líderes das grandes potências mundiais. Estes últimos participaram, na última quinta-feira, de uma cerimônia semelhante em Jerusalém.

O presidente polonês, Andrzej Duda, recusou-se a ir a Jerusalém, depois de saber que não poderia fazer um pronunciamento junto com as demais autoridades. Já o presidente russo, Vladimir Putin, teve um papel de protagonismo.

Em dezembro, Putin causou indignação na Polônia e no Ocidente após afirmar que este país foi conivente com o ditador nazista Adolf Hitler e contribuiu para a deflagração da Segunda Guerra Mundial.

Duda deve discursar hoje.