Trump recebe Netanyahu otimista sobre plano de paz que será revelado terça-feira
Washington, 27 Jan 2020 (AFP) - O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, se mostrou otimista nesta segunda-feira sobre seu plano de paz para O Oriente Médio ao receber seu "amigo", o primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu, e anunciou que o documento, rechaçado categoricamente pelos palestinos, será apresentado na terça-feira.
"Vamos falar sobre a paz no Oriente Médio", prometeu Trump antes de entrar no Salão Oval com o chefe do governo israelense.
Depois de diversos adiamentos, o mandatário confirmou que o plano americano - considerado histórico por Netanyahu - será revelado na terça-feira, ao meio-dia (horário local).
"Acho que há a oportunidade" de promover a paz, "é um grande começo", declarou Trump, acrescentando que ao final espera obter apoio dos palestinos.
Trump, que chegou ao poder há três anos e confiou o delicado assunto da paz no Oriente Médio a seu genro e assessor Jared Kushner, repete que sonha com alcançar o sucesso onde seus antecessores fracassaram.
Mas nunca explicou, até agora, como imagina que vai conseguir a volta dos palestinos à mesa de negociações. Eles acham que Washington já não tem a credibilidade para agir como mediador depois de uma série de decisões favoráveis a Israel.
Segundo funcionários de alto escalão palestinos, o presidente da Autoridade Palestina, Mahmud Abbas, rejeitou nos últimos meses as ofertas de diálogo do presidente americano, considerando a proposta "já morta".
E o primeiro-ministro palestino, Mohamed Shtayyeh, pediu para a comunidade internacional a boicotar o plano americano, que segundo ele é contrário ao direito internacional.
"Este não é um plano de paz para o Oriente Médio", disse, apontando que a iniciativa tem como objetivo principal proteger "Trump da destituição" e "Netanyahu da prisão".
Trump enfrenta um julgamento político no Senado e Netanyahu luta contra um crescente escândalo de corrupção antes das eleições parlamentares de 2 de março, que promete ser agitada.
- Cara a cara com Gantz -O programa de dois dias pelo lançamento do plano de paz é agitado.
Após o encontro do presidente americano e do primeiro-ministro israelense, que nunca deixam de se elogiar, haverá um encontro cara a cara entre Trump e Benny Gantz, rival de Netanyahu nas eleições.
Na terça, Trump e Netanyahu falarão juntos da Casa Branca.
O primeiro-ministro de Israel disse que esperava um plano "histórico" de Trump, que se descreveu como "o melhor amigo que Israel já teve".
Do lado palestino, a mensagem é clara: o documento que Trump prometeu apresentar finalmente depois de vários adiamentos "já está morto".
"Rejeitamos totalmente o que o governo Trump fez até agora (...) Nossa posição é clara: Israel deve pôr um fim à ocupação das terras palestinas em vigor desde 1967", disse o porta-voz de Abbas, Nabil Abu Rudeina.
No domingo, Saeb Erekat, secretário-geral da Organização de Libertação da Palestina (OLP), disse que se reservava o direito de se retirar dos acordos de Oslo, que enquadram suas relações com Israel.
Sob o acordo provisório de Oslo II de setembro de 1995 entre a OLP e Israel, a Cisjordânia foi dividida em três zonas: A, sob controle civil e de segurança palestino; B, sob controle civil palestina e da segurança israelense; e C, sob controle civil e de segurança israelense.
O acordo provisório estava programado para terminar em 1999, mas desde então foi tacitamente renovado por ambas as partes.
No entanto, o plano de Trump "transformará ocupação temporária em ocupação permanente", denunciou Erekat.
- Plano 'não será aprovado' - O projeto dos EUA também foi rejeitado pelo Hamas, o movimento que controla a Faixa de Gaza, um enclave palestino de 2 milhões de habitantes geograficamente separados da Cisjordânia, onde a autoridade de Abbas é limitada.
O plano dos EUA "não será aprovado" e pode até levar os palestinos a uma "nova fase" de sua luta, alertou Ismail Haniyeh, líder do movimento islâmico.
Os Estados Unidos apresentaram em junho o componente econômico de seu plano, que prevê aproximadamente US$ 50 bilhões em investimentos internacionais nos territórios palestinos e nos países árabes vizinhos por dez anos.
Mas os detalhes concretos deste projeto continuam sendo objeto de especulação.
Segundo os palestinos, o plano dos EUA inclui a anexação por Israel do vale do Jordão, uma vasta área estratégica da Cisjordânia e assentamentos nos territórios palestinos, bem como o reconhecimento oficial de Jerusalém como a única capital de Israel.
Haverá um Estado palestino na proposta dos EUA? Por enquanto, essa questão é um mistério.
Mas Trump e seu conselheiro Kushner se recusaram a usar o termo, rompendo com a posição tradicional da comunidade internacional em favor de uma solução de "dois Estados".
bur-jca/ad/yow/ll/cc
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