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Novo temporal atinge a região Sudeste e gera caos em Belo Horizonte

29/01/2020 14h47

Belo Horizonte, 29 Jan 2020 (AFP) - A capital mineira de Belo Horizonte encontrava-se parcialmente paralisada nesta quarta-feira (29) após ter sido atingida por um forte temporal na véspera, que transformou suas avenidas em correntezas e aumentou o número de vítimas das chuvas na região, que desde a última sexta-feira contabiliza 53 mortos e cerca de 47 mil pessoas atingidas.

Entre às 19h e 22h, foram registrados 117,4 milímetros de chuvas na cidade. Até o momento, o mês de janeiro deste ano é considerado o mais chuvoso da capital mineira desde 1910, com um total de 932,3 milímetros, segundo a Defesa Civil do estado.

O temporal da última terça-feira derrubou parte do teto do Shopping Belo Horizonte, mas não deixou vítimas. A enxurrada arrastou veículos e arrancaram o asfalto das pistas, deixando o local digno de um cenário de guerra.

No calmo bairro de Lourdes, muitas ruas foram devastadas pelas chuvas e dezenas de carros acabaram arrastados pela torrente, sendo alguns deles de luxo, de marcas como Mercedes Benz e Audi.

Pela manhã, a polícia e os bombeiros evacuavam áreas de risco. Alguns moradores saíram de casa preocupados porque no local havia um forte cheiro de gás, além de que estacionamentos subterrâneos inteiros estavam inundados.

O garçom Bruno Almeida teve que carregar nas costas vários clientes que estavam sentados na parte externa do restaurante no qual trabalha, senão eles seriam carregados pelas águas que desciam violentamente das ruas inclinadas do bairro.

"Veio uma tromba d'água e foi levando carros e pessoas. A minha sorte é que consegui resgatar três ou quatro clientes nas costas e fui levando-os para a parte dentro" do restaurante, contou Almeida.

A Defesa Civil de Minas indicou nesta quarta-feira que os temporais que atingem o estado, desde a noite do dia 23, já deixaram 53 mortos. O número de pessoas obrigadas a evacuar suas casas chegou a 46.860, das quais 8.157 se encontram desabrigadas.

Na última terça-feira, o registro eram de 32.300 pessoas evacuadas, das quais 4.300 estavam desabrigadas.

As previsões meteorológicas para os próximos dias são de céu nublado com pancadas de chuva.

A intensidade das chuvas foi justificada pela coincidência pouco frequente da chamada Zona de Convergência do Atlântico Sul (ZCAS) com um sistema de baixa pressão sobre o oceano. A ZCAS é um corredor de umidade que vai da selva amazônica, no norte do Brasil, até a região Sudeste.

Os temporais deixaram também milhares de desabrigados nos estados próximos a Minas Gerais, como Espírito Santo e Rio de Janeiro.

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