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Enviado da ONU para Líbia denuncia violação do acordo de Berlim

30/01/2020 14h40

Nações Unidas, Estados Unidos, 30 Jan 2020 (AFP) - O emissário da ONU para a Líbia, Ghassan Salamé, denunciou nesta quinta-feira no Conselho de Segurança a violação do acordo de Berlim alcançado neste mês pela comunidade internacional para interromper o fornecimento aos beligerantes.

"Todas essas manobras para reabastecer ambas as partes ameaçam precipitar uma nova conflagração e muito mais perigosa. Elas violam o espírito e o compromisso da Conferência de Berlim", disse Salamé durante uma videoconferência com o Conselho de Segurança.

A Líbia está imersa no caos desde a queda do regime de Muammar Kadafi em 2011, e o país se divide em dois: de um lado, o Governo da União Nacional (GNA) de Fayez al Sarraj, com sede em Trípoli (oeste), e do outro as forças do marechal Khalifa Haftar, líder militar do leste do país.

Desde 4 de abril de 2019, a guerra chegou a Trípoli: nessa data, Haftar, apoiado pela Rússia, Emirados Árabes Unidos e Egito, lançou uma ofensiva contra a capital, sede do GNA, apoiada por sua vez pela Turquia.

Desde então, os confrontos deixaram mais de 280 civis e 2.000 combatentes mortos e, segundo a ONU, mais de 170.000 habitantes foram deslocados.

Salamé instou as partes em conflito e seu respectivo apoio estrangeiro a "renunciarem a todas as ações imprudentes e renovarem seus compromissos expressos em favor do cessar-fogo".

Ele evocou principalmente os "reforços militares" de ambos os lados "levantando o fantasma de um grande conflito que abrange uma região mais ampla".

Salamé disse que as partes "continuam a receber uma quantidade considerável de equipamentos, combatentes e consultores de patrocinadores estrangeiros, violando o embargo de armas e os compromissos assumidos pelos representantes desses países em Berlim".

Neste contexto, na quarta-feira, o porta-aviões francês Charles de Gaulle avistou uma fragata turca da Líbia escoltando um navio de carga que transportava veículos blindados para Trípoli, informou uma fonte militar francesa à AFP.

O cargueiro Bana, com a bandeira libanesa, fez uma parada na quarta-feira no porto de Trípoli, segundo a fonte.

Segundo o site de tráfego marítimo, o navio estava na Sicília na quinta-feira à tarde.

Na quarta-feira, o presidente francês Emmanuel Macron acusou seu colega turco Recep Tayyip Erdogan de enviar navios com mercenários sírios para a Líbia. Ancara respondeu que os problemas naquele país remontam à intervenção francesa em 2011.

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