Trump afasta dois funcionários que depuseram no processo de impeachment
Resumo da notícia
- Após ser absolvido pelo Senado, presidente dos Estados Unidos demite oficial do Exército e convoca embaixador na União Europeia
- Trump foi absolvido no Senado por acusações de abuso de poder e obstrução do funcionamento do Congresso
- Democratas denunciaram medidas como ações "represálias" do presidente
Dois dias após ser absolvido pelo Senado, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, demitiu um oficial do Exército que testemunhou na Câmara de Representantes durante o julgamento de impeachment e, mais tarde, chamou de volta um embaixador na União Europeia que também depôs na investigação.
Em uma nota obtida pelo jornal The New York Times, o embaixador Gordon Sondland afirma: "fui avisado hoje que o presidente pretende me chamar de volta imediatamente do posto de embaixador do Estados Unidos na União Europeia".
Horas antes, o tenente coronel Alexander Vindman havia sido escoltado para fora da Casa Branca, onde trabalhava no Conselho de Segurança Nacional. Seu advogado considerou a medida como um ato de vingança por parte do presidente.
Imediatamente, os democratas denunciaram essas "represálias" pelo presidente.
"O embaixador Sondland e o tenente-coronel Alexander Vindman são corajosos funcionários públicos, heróis e patriotas", escreveu o congressista democrata Mark DeSaulnier no Twitter. "A vingança de Trump contra eles por dizer a verdade é uma ação digna de ditadores e criminosos, não do presidente da maior democracia do mundo".
A demissão dos dois homens "é outro abuso de poder por parte do presidente", acrescentou o senador democrata Ron Wyden.
Trump foi absolvido no Senado na quarta-feira por acusações de abuso de poder e obstrução do funcionamento do Congresso, em conexão com uma ligação na qual ele pediu para o presidente ucraniano investigar seu rival político Joe Biden.
"Pediram para Vindman ir embora por dizer a verdade", disse seu advogado, David Pressman, após eles ser acompanhado para fora da Casa Branca.
Mais cedo, Trump teria dito que gostaria que Vindman deixasse a sua função. "Acreditam que estou feliz com ele?", perguntou a jornalistas. "Não estou", acrescentou.
"A verdade custou ao tenente-coronel Alexander Vindman seu trabalho, sua carreira e sua privacidade", disse Pressman. "Ele serviu o país, mesmo quando fazer isso foi repleto de perigos".
"E por isso, o homem mais poderoso do mundo, impulsionado pelo silêncio, pela flexibilidade e pela cumplicidade, decidiu se vingar."
Vindman, que foi diretor de Assuntos Europeus no Conselho de Segurança Nacional, foi testemunha da ligação realizada em 25 de julho entre Trump e o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, na qual o americano solicitou a investigação do seu adversário político Joe Biden.
Intimado pelo Congresso a testemunhar durante uma das audiências, Vindman, nascido na Ucrânia, disse que os atos de Trump foram "inapropriados".
Como ele, Sondland foi demitido depois de participar das audiências que levaram ao julgamento político do presidente, que acabou sendo absolvido nesta quarta-feira no Senado.
Sondland havia declarado na investigação em novembro que Trump reteve quase US$ 400 milhões em assistência militar à Ucrânia para pressionar o presidente daquele país a investigar seu rival político Joe Biden.
No entanto, o diplomata reconheceu que o presidente Trump, com quem falava regularmente, "nunca" falou "diretamente" sobre o assunto. Após seu testemunho, Trump disse que não o conhecia bem.
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