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Candidato de Macron à prefeitura de Paris desiste da disputa após divulgação de vídeo sexual

14.fev.2020 - Benjamin Griveaux anuncia sua saída da disputa pela prefeitura de Paris após o vazamento de um vídeo íntimo - Lionel Bonaventure/AFP
14.fev.2020 - Benjamin Griveaux anuncia sua saída da disputa pela prefeitura de Paris após o vazamento de um vídeo íntimo Imagem: Lionel Bonaventure/AFP

14/02/2020 09h07

O candidato à prefeitura de Paris pelo partido do presidente Emmanuel Macron, Benjamin Griveaux, anunciou nesta sexta-feira a retirada de sua candidatura para "proteger" sua família, após a divulgação de um vídeo de caráter sexual.

Griveaux, de 42 anos, ex-porta-voz do governo, é considerado alguém próximo do presidente e um dos seus principais apoios políticos. A conquista da prefeitura de Paris, atualmente nas mãos dos socialistas, tem sido o maior objetivo da maioria presidencial para as próximas eleições municipais.

Depois de sofrer "ataques infames (...) decidi retirar minha candidatura à eleição municipal parisiense. Esta decisão me custa caro, mas minhas prioridades são muito claras. Em primeiro lugar vem minha família", afirmou o candidato do partido A República em Marcha (LREM), o partido presidencial, em uma declaração à AFP.

Um site publicou na noite de quarta-feira um vídeo em que seu pênis aparece e mensagens enviadas a uma mulher, afirmando que procediam do ex-porta-voz do governo. O vídeo e as mensagens foram compartilhados por milhares de pessoas na quinta-feira nas redes sociais.

O polêmico artista russo Piotr Pavlenski, famoso por suas performances chocantes e que incendiou a fachada de uma filial do Banque de France em 2017, assumiu a responsabilidade por esta publicação on-line em uma entrevista ao jornal Libération.

Ele explicou que queria "denunciar a hipocrisia" de Benjamin Griveaux, "que se apoia constantemente nos valores da família e sempre cita como exemplo a sua esposa, mas que faz o contrário".

"Ao anunciar minha candidatura a prefeito de Paris, eu sabia da dureza do combate político", garantiu Griveaux em uma breve declaração em tom solene.

"No que me diz respeito, não estou pronto a expor ainda mais a mim e à minha família quando todos os golpes estão agora permitidos. Isso vai longe demais", continuou ele, sem negar a autenticidade do vídeo.

"Durante mais de um ano, minha família e eu fomos objetos de comentários difamatórios, mentiras, rumores, ataques anônimos, a revelação de conversas privadas roubadas e ameaças de morte", afirmou.

Griveaux também disse à AFP que se encontrou na noite de quinta-feira com o presidente Emmanuel Macron, que, segundo ele, garantiu seu apoio "independentemente de sua decisão", convidando-o a proteger seus próprios interesses.

Depois de uma indicação difícil pelo movimento presidencialista, insultos contra seus adversários veiculados na imprensa, ele aparecia nas pesquisas em terceiro lugar, atrás da prefeita socialista Anne Hidalgo e da candidata pelo partido Os Republicanos (direita) Rachida Dati.

Logo após o anúncio, a prefeita de Paris pediu "respeito à privacidade e às pessoas", afirmando em comunicado que "os parisienses merecem um debate digno".

"A política, não deveria ser isso, não pode ser isso. Vamos nos reunir coletivamente ou vamos nos afogar na lama", reagiu por sua vez o ensaísta e eurodeputado de esquerda Raphaël Glucksman.

"Não há nada ilegal no que foi revelado até agora sobre Benjamin Griveaux. Sua intimidade não deve ser tornada pública. Na batalha política, nem tudo deve ser permitido", declarou a deputada da esquerda radical Clémentine Autain.

Na quinta-feira de manhã, Benjamin Griveaux estava ciente do vídeo quando apresentou seu programa municipal em uma entrevista coletiva, diante de cem apoiadores. Mas vários líderes políticos de seu campo estavam ausentes.

O episódio ocorre sete meses após sua indicação, que levou à dissidência imediata do matemático Cédric Villani, recentemente excluído do LREM. Villani garantiu a ele nesta sexta-feira seu apoio "nesta provação", criticando "um ataque indigno (que) é uma séria ameaça à democracia".

Agora resta saber quem será seu sucessor. Haverá, "aconteça o que acontecer", uma lista do partido presidencial em Paris, garantiu a deputada Olivia Grégoire, uma das porta-vozes do candidato que renunciou.