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OMS pede calma ante epidemia do novo coronavírus, que deixou 1.900 mortos na China

18/02/2020 19h22

Pequim, 18 Fev 2020 (AFP) - O número de mortos pelo novo coronavírus aumentou nesta terça-feira (18) para cerca de 1.900, mas as autoridades chinesas e a Organização Mundial da Saúde tentaram acalmar os ânimos, ao citar um estudo que assegura que a maioria das infecções é leve.

Um total de 1.865 pessoas morreram (1.860 na China continental e 5 em Hong Kong, Filipinas, Taiwan, Japão e França) e cerca de 73.500 se infectaram (900 em cerca de 30 países e territórios autônomos chineses).

"Este é um surto muito sério e tem o potencial de crescer, mas precisamos colocá-lo em sua justa medida com o número de pessoas infectadas", disse Michael Ryan, encarregado do departamento de emergência médica da OMS.

"Proporcionalmente, fora de Hubei esta epidemia está afetando muito pouca gente", afirmou depois da divulgação de um informe, segundo o qual 81% dos mais de 73.000 pacientes têm infecções leves.

O estudo, divulgado pelo Centro Chinês de Prevenção e Controle de Doenças mostra que o índice de mortalidade é de 2,3% e cai abaixo de 1% na faixa etária de 30 a 40 anos.

Zhong Nanshan, proeminente especialista da Comissão Nacional de Saúde Chinesa, disse à imprensa que 85% dos pacientes podem melhorar "se contarem com bom suporte (médico), tratamento e estar bem alimentados"

Com base nestes dados, encarregados da OMS insistiram em que a epidemia do COVID-19 é "menos letal" que a Síndrome Respiratória Aguda Grave (Sars) ou a Síndrome Respiratória do Oriente Médio (Mers).

Por outro lado, a Organização Mundial da Saúde (OMS) elogiou a China por tomar medidas drásticas para conter o vírus.

Wuahn, capital da província de Hubei, realiza "uma prática de saúde pública muito boa", com vigilância ativa e porta a porta, disse Michale Ryan.

Cerca de 56 milhões de pessoas estão em quarentena na província de Hubei, foco da epidemia.

No entanto, a situação continua difícil em Wuhan, onde o diretor de um hospital morreu nesta terça, a sétima pessoa da área de saúde a sucumbir à epidemia de COVID-19.

- Preocupação com os cruzeiros -Outras 88 pessoas testaram positivo para o coronavírus no cruzeiro Diamond Princess que está atracado em frente à costa de Yokohama no Japão, elevando para 542 o número de infecções.

Após a decisão dos Estados Unidos de repatriar 300 americanos do navio na segunda-feira, outros países como Reino Unido, Canadá, Austrália, Hong Kong e Coreia do Sul seguirão a iniciativa.

As autoridades japonesas anunciaram que na quarta-feira vão deixar o navio outras 500 pessoas que concluíram a quarentena.

A OMS havia criticado a restrição de viagens e a ideia de suspender os cruzeiros, após o contágio de centenas de passageiros em uma embarcação em frente à costa japonesa com cerca de 3.700 pessoas a bordo.

- Temor econômico -Apesar das garantias da OMS, a preocupação persiste. Um salão internacional de invenções foi adiado em Genebra, um evento de artes marciais em Singapura será realizado a portas fechadas e os lutadores chineses foram excluídos do campeonato asiático na Índia.

Nesta terça, a Rússia declarou, ainda, que nenhum cidadão chinês poderá entrar em seu território a partir de 20 de fevereiro.

A União Europeia, por sua vez, cancelou um deslocamento dos presidentes das instituições europeias a Pequim, previsto para o fim de março para preparar uma cúpula UE-China, agendada para setembro na Alemanha.

As cadeias produtivas de multinacionais como Foxconn, provedora da Apple, foram interrompidas após o fechamento temporário de fábricas na China.

A Apple anunciou nesta segunda que não atingirá sua previsão de faturamento no segundo trimestre, já que o abastecimento de seu principal produto, o iPhone, estará "temporariamente limitado" e a demanda na China foi afetada.

O BHP, maior grupo minerador do planeta, advertiu que a demanda de commodities pode ser afetada, especialmente a de petróleo, cobre e ferro, se a epidemia continuar avançando.