Topo

Trump propôs indulto a Assange se retirasse acusações contra Rússia de vazamento de dados, diz advogada

20/02/2020 00h24

Londres, 20 Fev 2020 (AFP) - A defesa de Julian Assange, ameaçado de extradição para os Estados Unidos, disse na quarta-feira que o presidente americano, Donald Trump, ofereceu perdão ao fundador do Wikileaks se ele alegasse que a Rússia não estava envolvida no caso do vazamento de e-mails do Partido Democrata durante sua campanha à presidência.

Esta declaração foi feita na quarta-feira perante um tribunal britânico, numa audiência judicial antes do exame do pedido de extradição para os Estados Unidos do australiano de 48 anos, que começará na segunda-feira.

Na audiência, na qual Assange participou por videoconferência, a defesa citou um documento no qual sua advogada Jennifer Robinson afirma que a proposta do presidente americano foi feita através do congressista republicano Dana Rohrabacher, de acordo com a British Press Association (PA).

O documento afirma que Rohrabacher "foi ver Assange e disse a ele, seguindo as instruções do presidente, que ele propôs um perdão ou outra saída, se Assange ... dissesse que a Rússia não tinha nada a ver com os vazamentos do Partido Democrata", indicou a PA.

O juiz aceitou esta declaração como prova.

"Quando falei com Julian Assange, disse a ele que, se ele pudesse me dar provas de quem realmente havia lhe dado os e-mails do Partido Democrata, ligaria para o presidente Trump para perdoá-lo", afirmou Rohrabacher em seu site na quarta-feira.

A Casa Branca desmentiu essa informação logo em seguida.

"O presidente mal conhece Dana Rohrabacher, sabe apenas que ele é um ex-congressista. Ele nunca falou com ele sobre esse assunto e praticamente nenhum outro assunto. É uma invenção pura e uma mentira absoluta", denunciou a porta-voz da Casa Branca Stephanie Grisham, através de um comunicado.

A AFP não conseguiu entrar em contato com a advogada de Julian Assange.

Os serviços de inteligência dos Estados Unidos concluíram que os e-mails democratas foram invadidos por hackers russos como parte de uma campanha russa para influenciar as eleições presidenciais nas quais Donald Trump venceu a democrata Hillary Clinton.

O Wikileaks publicou em 2016, em um momento importante da campanha, milhares de e-mails vazados do Partido Democrata e da equipe de Hillary Clinton, que contribuíram para desacreditar a então candidata.

Julian Assange está detido em Belmarsh, no sul de Londres, desde sua prisão em abril de 2019 na embaixada do Equador, e Washington pede sua extradição.

Nos Estados Unidos, onde é acusado de divulgar em 2010 informações do governo consideradas sigilosas, Assange pode ser condenado a 175 anos de prisão por espionagem.

spe/mig/cjc/mm/erl/lca