Topo

Netanyahu lidera legislativas israelenses apesar do processo por corrupção, indicam pesquisas

02/03/2020 20h06

Jerusalém, 2 Mar 2020 (AFP) - Apesar do processo por corrupção, o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, mostrava vantagens nesta segunda-feira (2) à noite frente ao rival Benny Gantz na terceira eleição legislativa em menos de um ano em Israel, que pretende terminar a maior crise política da história do país.

Segundo as pesquisas de boca de urna divulgadas após o fechamento dos colégios eleitorais davam ao Likud, o partido de Netanyahu, 36 das 37 cadeiras das 120 do Parlamento, enquanto a formação Kahol Lavan (Azul Branco, centro) de Benny Gantz teria conseguido entre 32 a 36 cadeiras.

"Trata-se de uma grande vitória para Israel", tuitou o primeiro-ministro, que também expressou o seu agradecimento aos eleitores, após a divulgação das primeiras estimativas.

Com os seus aliados da direita e dos partidos ultraortodoxos, Netanyahu poderia conseguir 60 lugares no Parlamento.

O medo do novo coronavírus não parece ter afetado a participação eleitoral, segundo as primeiras informações da Comissão eleitoral, que registrou uma taxa de participação de 65,6% até às 15h (no horário de Brasília).

Com a votação, buscava-se o fim da crise política mais importante do Estado hebreu após as votações de abril e setembro de 2019, em que o Likud, de Netanyahu, e o Azul Branco, de Gantz, ficaram muito igualados.

Desde as últimas eleições o país registrou uma mudança importante: a acusação contra Netanyahu (70 anos), que se tornou em novembro o primeiro chefe de Governo na história de Israel a ser indiciado, concretamente por corrupção, fraude e abuso de confiança.

As acusações contra Netanyahu, que joga seu futuro a apenas duas semanas do início do julgamento, em 17 de março, não provocaram uma perda de apoio ao Likud, segundo as pesquisas.

- Voto árabe -De acordo com as pesquisas mais recentes, nem o Likud nem o "Azul Branco" conquistarão mais de 30 cadeiras das 120 no Parlamento, o que significa que os resultados dos partidos aliados serão cruciais. A grande incógnita continua sendo o índice de participação.

Netanyahu tem o apoio dos partidos judaicos ultraortodoxos Shas, que capta boa parte dos votos sefardis (judeus orientais), Judaísmo Unido da Torá, dirigido principalmente aos ortodoxos ashkenazis (do leste da Europa) e da lista Yamina (direita radical), do atual ministro da Defesa Naftali Bennett.

O "Azul Branco" tem o apoio dos partidos de esquerda que se uniram em apenas uma lista e poderia, talvez, receber o respaldo pontual da "Lista Unida" dos partidos árabes israelenses, que surpreenderam em setembro com o terceiro lugar, com 13 lugares, uma façanha eleitoral que pretendem superar agora.

"Dessa vez esperamos conseguir 16 (lugares)", disse Ayman Odeh, à frente da Lista Unida. Na segunda à noite, o partido parecia ter conseguido 14 ou 15 lugares.

A "Lista Unida" tenta colher os frutos da frustração entre a minoria árabe israelense (20% da população) com o plano apresentado pelos Estados Unidos para solucionar o conflito israelense-palestino, um projeto aplaudido por Israel e rejeitado pelos palestinos.

Neste contexto, o partido Israel Beitenu, que não simpatiza com nenhum dos grandes blocos, pode ser o fiel da balança. Seu líder Avigdor Lieberman é um nacionalista laico hostil aos partidos árabes e judeus ortodoxos.

O plano do presidente Donald Trump prevê a conversão de Jerusalém na capital "indivisível" de Israel e a transferência do controle de uma dezena de vilarejos e localidades árabes israelenses a um futuro Estado palestino.

- Ganhou a conexão -Os palestinos, por sua vez, lamentaram os resultados mostrados pelas pesquisas, que dariam vitória aos partidários da "anexação", segundo Saeb Erakat, secretário-geral da Organização para a Libertação da Palestina (OLP).

"A colonização, a anexação e o Apartheid ganharam", ressaltou em comunicado.

Netanyahu centrou a campanha no plano de Trump, prometendo a rápida anexação do vale do Jordão e de colônias israelenses na Cisjordânia, território palestino ocupado por Israel em 1967, como contempla o projeto americano.

Gantz, que também apoio o projeto americano, baseou a campanha nos problemas judiciais do primeiro-ministro, que já governou o país durante 14 anos, os 10 últimos sem interrupção.

"Não merecemos outra campanha suja e deplorável como a que termina hoje e não merecemos esta instabilidade sem fim. Merecemos um governo a serviço da população", declarou o presidente israelense, Reuven Rivlin.

gl/cgo/tp/erl/mis/es/fp/bn/mvv