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AIEA diz que estoques de urânio enriquecido no Irã ultrapassaram cinco vezes o limite autorizado

03/03/2020 13h04

Viena, 3 Mar 2020 (AFP) - Os estoques de urânio enriquecido do Irã ultrapassaram cinco vezes o limite autorizado pelo acordo nuclear de 2015, informou nesta terça-feira a AIEA em um relatório sobre as atividades nucleares iranianas.

Segundo as constatações dos inspetores da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), a quantidade acumulada por Teerã atingiu em 19 de fevereiro 1.510 quilos de urânio enriquecido UF6 para um limite autorizado de 300 quilos no acordo de Viena assinado entre o Irã e as grandes potências.

O acordo, conhecido pela sigla JCPOA, está ameaçado desde que os Estados Unidos se retiraram unilateralmente em 2018. Teerã, asfixiado por sanções, respondeu liberando-se, desde maio de 2019, de vários dos compromissos assumido.

Indo contra as obrigações previstas neste pacto que visam limitar drasticamente suas atividades nucleares, o Irã também produz urânio enriquecido a uma taxa de 4,5%, acima do limite de 3,67% estabelecido pelo acordo, segundo o relatório consultado pela AFP. Essa taxa ainda está muito longe do limite necessário para a fabricação de uma bomba atômica (mais de 90%).

O documento também denuncia o fato de o Irã negar o acesso da AIEA a dois locais em janeiro.

Esses dois locais estão entre um total de três identificados pela AIEA que apresentam "uma série de perguntas relacionadas à possibilidade de material nuclear e atividades nucleares não declaradas", diz o texto.

Uma fonte diplomática afirmou à AFP que tais atividades assinaladas poderiam ser referentes ao período anterior à assinatura do JCPOA.

O objetivo do acordo era aumentar em pelo menos um ano o tempo necessário para o Irã adquirir armas atômicas, se o país pretendesse, o que sempre negou.

Os especialistas geralmente calculam que o limite necessário para fabricar uma bomba nuclear é da ordem de 1050 quilos de urânio UF6 com baixo enriquecimento de menos de 5%, uma quantidade agora excedida por Teerã.

Os passos e a tecnologia necessários para tornar esse urânio compatível com a fabricação de uma bomba ainda são numerosos, bem como o tempo necessário para o desenvolvimento de mísseis capazes de transportar uma eventual bomba.

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