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Macron declara 'guerra' ao coronavírus e impõe confinamento quase total na França

16/03/2020 20h55

Paris, 16 Mar 2020 (AFP) - A partir desta próxima terça-feira (17), ao meio-dia no horário local, a França exigirá confinamento quase total de todos os seus cidadãos, que só poderão sair à rua por motivos de primeira necessidade, anunciou nesta segunda o presidente Emmanuel Macron.

"A partir de amanhã, ao meio-dia, e ao menos pelos próximos 15 dias, a circulação das pessoas deverá ser reduzida fortemente", ressaltou o presidente francês, em um pronunciamento direcionado ao país transmitido pela televisão.

Os cidadãos só podem circular na rua para ir ou vir do trabalho, ir ao supermercado e ir aos centros de saúde, se necessário, e todas as infrações serão sancionadas.

A partir de terça-feira, não será mais possível "encontrar amigos ou ir ao parque", disse Macron, depois que no último domingo circularam imagens de franceses reunidos em parques e jardins, tomando banho de sol.

"Estamos em guerra. Uma guerra de saúde, mas o inimigo está lá. Invisível, escorregadio", disse o presidente francês em tom marcial.

"Peço que sejam responsáveis e não entrem em pânico", acrescentou.

"A França está passando por um período muito difícil" e "teremos que nos adaptar", mas "venceremos", ressaltou.

A França, um dos principais focos do coronavírus na Europa, contabiliza 6.633 infectados e 148 mortos pela pandemia do Covid-19, segundo um balanço divulgado nesta segunda-feira.

Todas as instalações públicas não essenciais, como bares, restaurantes e cinemas, já estão fechados no país, que está na fase 3 da epidemia, o que implica que o coronavírus está presente em todo o território.

"O recado é claro: fique em casa", disse o ministro do Interior, Christophe Castaner, acrescentando que aqueles que circularem devem estar "em posição de justificar seu deslocamento".

Serão mobilizados cerca de 100.000 agentes de segurança e haverá postos de controle fixos e móveis, acrescentou.

A França segue os passos da Itália e da Espanha, os dois países mais afetados na Europa pelo coronavírus, onde já existem sérias restrições à circulação de seus habitantes.

A situação "é muito preocupante" e "está se deteriorando muito rapidamente", alertou o diretor-geral de Saúde, Jérôme Salomon, acrescentando que os casos se multiplicam por dois a cada três dias.

Dois conselhos de ministros se reunirão na terça e quarta-feira para implementar rapidamente as medidas de emergência anunciadas.

- 300 bilhões de euros -Para mitigar os efeitos econômicos do coronavírus, Macron prometeu uma garantia de 300 bilhões de euros para empréstimos bancários a empresas, as quais pediu para "adaptar sua organização para respeitar as medidas de proteção".

Se trata de um "dispositivo excepcional para adiar impostos e encargos sociais, apoiar ou estender vencimentos bancários e garantias do Estado no valor de 300 bilhões de euros para todos os empréstimos bancários contratados com bancos".

Ele também prometeu que o estado francês ajudará empresas que correm risco de falência devido ao coronavírus.

Por outro lado, o presidente francês também anunciou o adiamento do segundo turno das eleições municipais, programadas para domingo.

"Esta decisão foi aceita por unanimidade" por todos os líderes do partido, disse o presidente francês, que não deu datas, apesar de seu primeiro-ministro, Edouard Philippe, ter anteriormente proposto adiá-los até 21 de junho.

Numa época em que o mundo inteiro está entrincheirado diante da pandemia, o presidente francês anunciou que a União Europeia fechará todas as suas fronteiras por 30 dias.

Uma reunião extraordinária dos 27 líderes da União Europeia será realizada na terça-feira.

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