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Grupo de guerrilha ELN anuncia cessar-fogo na Colômbia por coronavírus

Integrante do grupo guerrilheiro ELN em patrulha no distrito de Chocó, na Colômbia - Xinhua/Jhon Paz
Integrante do grupo guerrilheiro ELN em patrulha no distrito de Chocó, na Colômbia Imagem: Xinhua/Jhon Paz

30/03/2020 16h50

Bogotá, 30 Mar 2020 (AFP) - O ELN (Exército de Libertação Nacional), a última guerrilha reconhecida na Colômbia, anunciou um cessar-fogo de um mês em razão da pandemia de coronavírus, segundo comunicado divulgado nesta segunda-feira (30) por vários senadores que promovem um processo de paz com esse grupo.

Os rebeldes disseram que suspenderão unilateralmente suas ações militares "de 1° a 30 de abril", como "um gesto humanitário (...) com o povo colombiano, que está sofrendo a devastação" da covid-19.

O ELN relembrou em sua declaração a convocação da ONU para um cessar-fogo nos conflitos mundiais e o pedido, "nessa mesma direção", formulado por "organizações sociais e políticas da Colômbia".

O secretário-geral da ONU, António Guterres, recebeu "com beneplácito o anúncio" e exortou "outros grupos armados para que façam o mesmo".

No entanto, o alto comissário da paz do governo, Miguel Ceballos, considerou insuficiente o anúncio da organização armada.

"Mal sabemos da decisão do ELN de cessar-fogo por um mês. Creio que o país espera muito mais que isso, estamos em um enorme desafio no qual milhares de pessoas podem morrer", afirmou o funcionário em entrevista à W Radio.

Direito de defesa

Em seu pronunciamento, o ELN esclareceu que durante o cessar-fogo, no entanto, será reservado o "direito" de defesa dos "ataques" das forças estatais.

Da mesma forma, acrescentou a organização, responderá às gangues de narcotráfico com a quais disputa o controle de várias partes do país.

"Fizemos um apelo ao governo de Iván Duque para que ordene o aquartelamento de suas tropas e elimine a perseguição contra a população e o assassinato de líderes e ativistas sociais (...)", disse o comunicado.

A guerrilha acompanhou o anúncio com uma enxurrada de críticas ao governo pela forma de lidar com a pandemia que, segundo o ELN, foi provocada por uma "cepa produzida artificialmente em um laboratório e implantada propositalmente por agentes dos Estados Unidos".

Na Colômbia já são mais de 700 contágios, incluindo dez mortos, em meio à quarentena geral imposta pelo presidente junto ao fechamento de fronteiras e cancelamento de voos.

Além de anunciar a suspensão unilateral de suas ações, o ELN propôs ao governo retomar as conversas com sua delegação em Havana, para "organizar um cessar-fogo bilateral e temporário".

Nesta segunda-feira, o comissário Ceballos insistiu que neste momento não há um "espaço de diálogo aberto" e que o cessar-fogo é "responsabilidade" apenas do ELN.

Em Havana, o chanceler cubano Bruno Rodríguez, saudou o "gesto humanitário do ELN de declarar um cessar-fogo unilateral" em resposta ao apelo do secretário-geral da ONU.