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Paquistão anula sentença de morte de britânico pelo assassinato do jornalista Daniel Pearl

29.03.2002 - Sheikh Omar, suspeito de matar Daniel Pearl - AFP
29.03.2002 - Sheikh Omar, suspeito de matar Daniel Pearl Imagem: AFP

Da AFP, em Karachi

02/04/2020 09h22

Um tribunal do Paquistão anulou nesta quinta-feira a sentença de morte contra o extremista Ahmed Omar Saeed Sheikh, nascido no Reino Unido, pelo assassinato do jornalista americano Daniel Pearl, que aconteceu em 2002.

De acordo com a defesa de Sheikh, a sentença foi comutada para sete anos de prisão.

Como Sheikh está preso desde 2002, ele deve ser liberado em breve, embora o tribunal não tenha anunciado uma decisão neste sentido, informou a equipe de defesa.

Pearl, de 38 anos, era o diretor do escritório do Wall Street Journal para o sudeste asiático quando foi sequestrado e decapitado em Karachi em 2002, quando investigava uma história sobre militantes islamitas.

Um vídeo que mostrava a decapitação de Pearl foi entregue ao consulado dos Estados Unidos nesta cidade quase um mês depois do crime.

Sheikh foi detido em 2002 e condenado à morte por um tribunal antiterrorista. Outros três acusados receberam penas de prisão perpétua.

Em janeiro de 2011, um relatório publicado pelo Projeto Pearl, da Universidade de Georgetown, Estados Unidos, afirmou que os homens errados foram condenados pelo assassinato do jornalista.

A investigação, coordenada por Asra Nomani, amiga de Pearl e ex-colega no Wall Street Journal, e uma professora da Universidade de Georgetown, afirmou que o jornalista foi assassinado por Khalid Sheikh Mohammad, um dos supostos cérebros dos atentados de 11 de setembro de 2001, não por Ahmed Omar Saeed Sheikh.

Mohammad, autoproclamado autor intelectual dos ataques de 11 de setembro e mais conhecido como KSM, foi detido no Paquistão em 2003 e está preso na base naval americana de Guantánamo.

Um psicólogo americano que entrevistou KSM disse que o prisioneiro afirmou que decapitou Pearl.

O brutal assassinato de Pearl chocou o mundo e gerou amplo sentimento de repulsa. Na época, os analistas afirmaram que os assassinos atuaram para vingar o apoio do Paquistão à guerra dos Estados Unidos contra o regime dos talibãs no Afeganistão, que abrigava o grupo Al-Qaeda, responsável pelos atentados de 11 de setembro.

O general Pervez Musharraf, que governava o Paquistão, ofereceu apoio logístico aos Estados Unidos para invadir, no fim de 2001, o vizinho Afeganistão e expulsar do poder os talibãs.

Após a decisão desta quinta-feira do tribunal paquistanês, o Ministério Público não fez qualquer comentário. De acordo com a imprensa local, o veredicto foi assinado por dois juízes da Alta Corte de Sindh.

O advogado de defesa de Sheikh, Khawja Naveed, e a imprensa informaram que que a justiça também comutou as penas de prisão perpétua dos outros três acusados, que haviam sido condenados por cumplicidade. Não foi anunciado quando eles devem ser colocados em liberdade.