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Navio australiano ancorado em Montevidéu tem dezenas de pessoas com COVID-19

06/04/2020 19h02

Montevidéu, 6 Abr 2020 (AFP) - Mais de 80 passageiros do cruzeiro australiano Greg Mortimer, ancorado no Uruguai, têm coronavírus, segundo um comunicado da empresa que opera a embarcação nesta segunda-feira, enquanto o governo uruguaio trabalha com a hipótese de que os mais de 200 ocupantes estejam contagiados.

"Dos 126 testes que foram processados até o momento, foram detectados 81 casos suspeitos de Covid-19 entre passageiros e tripulação", informou a empresa australiana Aurora Expeditions. Há 90 exames pendentes, cujos resultados serão conhecido entre as próximas 12 e 24 horas, acrescentou a empresa.

No entanto, embora até agora o ministério da Saúde Pública uruguaio (MSP) tenha confirmado oficialmente que "pelo menos" 60 testaram positivo para o novo coronavírus, o governo prefere trabalhar com a base de que as 216 pessoas que estão a bordo do navio estão contaminadas.

"Apesar de as contas iniciais terem muitos negativos, estamos trabalhando com a hipótese de que todos estão contagiados ou contaminados", disse na tarde desta segunda-feira o chanceler Ernesto Talvi em declarações ao local canal 12.

Até agora, o governo uruguaio permitiu o desembarque de seis pacientes "com risco de vida". Segundo a imprensa local, seriam três australianos, dois filipinos e um britânico.

Já o restante dos passageiros e tripulantes permanecem retidos no navio ancorado a 20 km do porto de Montevidéu por quase dez dias.

"Sabemos que existe uma porcentagem relativamente alta de pessoas infectadas, mas apenas seis precisam ser transferidas para hospitais em Montevidéu porque estão em risco de vida", disse o ministro das Relações Exteriores do Uruguai, Ernesto Talvi, na noite de domingo em declarações a uma emissora local.

Para os outros, "não portadores de coronavírus, assintomáticos ou com sintomas leves", o governo está avaliando a criação de "um corredor humanitário" que lhes permita embarcar em um avião para a Austrália.

"Estamos conversando com o governo australiano para tentar fazer esse voo o mais rápido possível", acrescentou Talvi.

Sebastián Yancev, um dos 21 profissionais de saúde que envolvidos no atendimento a embarcação, explicou nesta segunda-feira que o alto índice de infecção dentro do navio pode ser devido a erros nas primeiras medidas tomadas, como isolar grupos de pessoas entre as quais havia pacientes assintomáticos.

"Quando abrimos as portas das cabines, tínhamos pessoas negativas com pacientes positivos a longo prazo, essa foi a nossa primeira surpresa", disse o médico ao canal 4 de Montevidéu.

Dadas as condições das cabines, "já supomos que, embora essas pessoas fossem negativas, a possibilidade de desenvolver sintomas é extremamente alta".

Em relação à primeira fonte de contágio, Yancev disse que provavelmente ocorreu em Ushuaia, a cidade do sul da Argentina de onde o cruzeiro partiu em 15 de março.