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ONU se abstém de apontar diretamente Rússia por ataques a hospitais na Síria

06/04/2020 23h50

Nações Unidas, Estados Unidos, 7 Abr 2020 (AFP) - Uma comissão interna da ONU criada em meados de 2019 para investigar ataques realizados no ano passado contra estabelecimentos civis na Síria, incluindo hospitais, se absteve de apontar diretamente a Rússia, de acordo com um resumo de seu relatório publicado nesta segunda-feira.

As coordenadas dos locais atacados foram comunicadas pela ONU aos beligerantes, para que não os alvejassem em seus bombardeios.

"A Síria não respondeu a pedidos repetidos" pela comissão de inquérito para permitir que ela fosse aos locais afetados, afirma o resumo.

Sem citar a Rússia, o texto conclui em vários estudos de caso que "o governo sírio e/ou seus aliados realizaram o bombardeio".

Em 2019, o jornal New York Times publicou uma longa investigação com gravações de pilotos russos, apontando a responsabilidade da Rússia em ataques a hospitais.

Moscou, o principal apoio militar e político de Damasco, sempre negou ter apontado seus aviões para alvos civis.

O secretário-geral da ONU, António Guterres, fez o resumo de cerca de 20 páginas do relatório interno confidencial de 185 páginas e 200 anexos. O documento foi transmitido aos 15 membros do Conselho de Segurança.

A investigação da ONU se concentrou apenas em sete ataques, dos quais um foi deixado de fora do relatório porque suas coordenadas não haviam sido transmitidas pela ONU aos beligerantes, explicou Guterres em uma carta que acompanha o resumo.

O diplomata justifica os poucos ataques estudados devido à ausência de funcionários da ONU no local, o que dificultou a apuração dos fatos.

No final de julho de 2019, em uma rara decisão que incomodou a Rússia, 10 membros do Conselho de Segurança (Alemanha, França, Bélgica, Reino Unido, Estados Unidos, Indonésia, Kuwait, Peru, Polônia e República Dominicana) reivindicaram uma investigação sobre Guterres sobre os ataques às instalações médicas.

A comissão de inquérito foi criada em setembro de 2019 e começou a trabalhar no dia 30 desse mês.

Seu relatório foi entregue em 9 de março, e não no final de 2019, a data originalmente programada. Os países ocidentais vêm exigindo a publicação de um resumo há meses até agora.

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