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Coronavírus se espalha por Reino Unido e Nova York; Boris Johnson em terapia intensiva

07/04/2020 15h09

Londres, 7 Abr 2020 (AFP) - A pandemia que causou 77.000 mortes no mundo foi implacável na terça-feira com Nova York e o Reino Unido, que bateu recordes de mortes por coronavírus e que viu o seu primeiro-ministro britânico Boris Johnson entrar terapia intensiva.

Desde o início da pandemia de COVID-19 na China em dezembro, 1,35 milhão de infecções foram relatadas em 191 países ou territórios, mais da metade na Europa, que registra dois terços das mortes, segundo o balanço da AFP.

Com 786 mortes nas últimas 24 horas - 6.159 no total - o coronavírus desafia agora um Reino Unido já chocado com a entrada de Boris Johnson na terapia intensiva na noite de segunda-feira, tornando-se o único chefe de Estado ou governo de uma grande potência a contrair a doença.

Embora o primeiro-ministro tenha recebido "um pouco de oxigênio", "não se aplicou um respirador", informou o ministro do Gabinete Michael Gove à rádio privada LBC nesta terça-feira.

O estado de Nova York também bateu outro recorde nas últimas 24 horas, com 731 mortes (5.489 no total), embora o número de hospitalizações pareça estar se estabilizando, segundo o governador Andrew Como.

Diante de mais de 365.000 infecções em todo o país e quase 11.000 mortes, o presidente Donald Trump exortou seus compatriotas a se prepararem para "sofrer o auge dessa terrível pandemia".

A Espanha também sofreu com o aumento de mortes, que totalizaram 743 após quatro dias consecutivos em declínio. O número total de mortos sobe para 13.798 no país, o segundo maior depois da Itália, com mais de 16.000 mortes.

As mortes também subiram na França, que registrou 833 mortes na segunda-feira, com um saldo total de cerca de 9.000, e na Suécia, que registrou mais de 100 mortes em 24 horas, registrando assim 591 mortes e quase 8.000 infectadas.

Embora o número de mortos continue a registrar recordes, em muitos hospitais europeus o número de pacientes admitidos começa a diminuir, dando trégua às unidades de terapia intensiva.

É o caso do gigantesco hospital de Barcelona em Vall d'Hebron, que teve que alocar 90% de seus recursos para pacientes com coronavírus. Agora a situação está se estabilizando, com mais equilíbrio entre altas e entradas, mas os médicos alertam que "veem uma ou duas semanas ainda muito críticas". A batalha das unidades de terapia intensiva "será longa", segundo eles.

- Wuhan, finalmente livre para viajar -Enquanto metade do planeta permanece confinado, os moradores de Wuhan finalmente deixaram o pesadelo para trás e se amontoaram na estação de trem para sair da cidade. Trata-se de uma das últimas medidas ainda em vigor há dois meses e meio para interromper o coronavírus.

Enquanto a pandemia ganha força em metade do mundo, pela primeira vez em três meses a China não registrou nenhuma morte nas últimas 24 horas.

Enquanto isso, o vizinho Japão decretou um estado de emergência para Tóquio e seis outras regiões do país, à luz da recente aceleração do número de casos de COVID-19 no país.

A Arábia Saudita - que possui 2.795 contagiados e 41 mortos - prevê que até 200.000 pessoas serão infectadas com o coronavírus.

Outros países, como o Irã, que registrou uma diminuição nas infecções, estão começando a tomar medidas para retomar as atividades. Nesta terça-feira, o Parlamento iraniano se reuniu pela primeira vez desde o final de fevereiro, enquanto Portugal aguarda o início do retorno à normalidade em maio.

- A "crise mais grave" para o emprego -Embora o confinamento diminua o contágio do COVID-19, cause estragos na economia e, particularmente, no emprego: 1,25 bilhão de trabalhadores correm o risco de ser demitidos ou ter seus salários reduzidos.

A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, apresentará nesta quarta-feira "diretrizes" para a saída coordenada do confinamento, enquanto os países que têm o euro como moeda preparam em meio a divisões um plano coordenado de recuperação para enfrentar a crise econômica.

O Banco Central Europeu também anunciou que facilitará as condições para favorecer o crédito enquanto a Itália se mobilizou para ajudar as pequenas e médias empresas a superarem a desaceleração econômica, assim como o Japão, que anunciou um plano de ajuda econômica de 1 bilhão de dólares.

Entre as grandes vítimas da crise estão as companhias aéreas que deixaram praticamente toda a sua frota em terra. A alemã Lufthansa anunciou que reduzirá sua frota e encerrará sua subsidiária de baixo custo Germanwings.

- Semana Santa em casa -Fiés de boa parte do mundo terão que passar a Semana Santa e a Páscoa judaica sem irem a templos e procissões.

O papa oficiará as massas sozinho e elas serão transmitidas aos fiéis do mundo, enquanto na América Latina cada país se organiza como pode para não deixar os fiéis sem atos religiosos.

Em Guayaquil, epicentro do coronavírus no Equador, em vez de procissões, a arquidiocese levará Cristo del Consuelo em um passeio de helicóptero. No México, haverá procissões a portas fechadas e depois as transmitirão pela televisão; em Cuba, o Partido Comunista permitirá, pela primeira vez em 60 anos de revolução, a transmissão de cerimônias e ritos religiosos na mídia estatal.

Para a Páscoa judaica, Israel impôs um fechamento completo das cidades para conter o coronavírus.

bur-af/cc